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Ariana Grande não se arrisca, mas faz pop bom em Dangerous Woman

Novo disco é recheado de músicas para as pistas de dança
Márcio Bastos
Publicado em 24/05/2016 às 9:49
Novo disco é recheado de músicas para as pistas de dança Foto: Reprodução


Na carreira de qualquer artista pop proveniente dos universos Disney e derivados, inevitavelmente há um ponto de virada, o adeus à inocência através de estética e conteúdo sexualizados e criados para pontuar o fim da adolescência. Foi assim com Britney Spears, Christina Aguilera, Justin Timberlake e, mais recentemente, Miley Cyrus, Nick Jonas e Selena Gomez. É por esse caminho, também, que Ariana Grande, 22, adentra no seu terceiro disco, o recém-lançado Dangerous Woman, porém, ao contrário do que indica o título (“mulher perigosa”), de maneira muito menos abrupta.

Revelada em programa infantojuvenil do canal Nickelodeon, Ariana Grande, em seu primeiro disco, Yours Truly (2013), logo foi comparada a Mariah Carey. Com agudos e melismas que evocavam uma das intérpretes mais famosas da música pop, a novata impressionava pela potência vocal, mas não dava indicativos de maiores ambições artísticas, já que as músicas pareciam releituras de hits dos anos 1990.

Foi só em My Everything (2014) que Ariana começou a tecer sua identidade. Deixando de lado os trejeitos “à Mariah”, ela abraçou seu lado pop star e dominou as rádios e pistas de dança com hits como Problem, Love Me Harder e One Last Time. Flertando com a música eletrônica e o R&B contemporâneo, o álbum mostrou que ela poderia ser, sim, versátil e que havia um desejo (talvez acompanhado de conflito) de abandonar a imagem quase infantil.

Dangerous Woman é, de certa forma, mais um passo nessa evolução rumo à maturidade. Mas, ao contrário de Miley Cyrus, por exemplo, que fez sua transição a partir do choque de valores, a noção de perigo, para Ariana, é asséptica. Não há tomada de riscos e sim uma bem sucedida continuidade de fórmulas consagradas.

Em meio aos lançamentos de Anti e Lemonade, de Rihanna e Beyoncé, respectivamente, Ariana resgata o que muitos chamam de “pop farofa”, discos sem um conceito definido que funcionam como espécie de miscelâneas de hits. E, aqui, eles não faltam – e o melhor, funcionam.

A começar pela ótima faixa-título, marcada por inesperado e eficiente solo de guitarra mesclado a batidas quebradas. É o mais próximo de uma experimentação, além de Leave Me Lonely, que conta com a luxuosa participação de Macy Gray.


Redondo e bem produzido, o disco atira para todos os lados sonoramente, flertando com o dancehall em Side To Side, o hip hop em Let Me Love You e a música eletrônica em Into You

Se falta conceito ao álbum, não se pode negar a potência e versatilidade da voz de Ariana, que imprime personalidade em batidas genéricas, confeccionadas à perfeição para bombar nas rádios. Os fãs do “pop farofa” podem descansar. Ariana ainda não se permitiu ser perigosa de fato.


 

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