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Nick Jonas abre o coração e curte solteirice em novo álbum

Last Year Was Complicated trata do fim do namoro do cantor com Olivia Culpo
Márcio Bastos
Publicado em 11/06/2016 às 22:00
Last Year Was Complicated trata do fim do namoro do cantor com Olivia Culpo Foto: Reprodução


O último ano não foi fácil para Nick Jonas. Pelo menos afetivamente. Vindo da melhor fase de sua carreira, com o lançamento do disco que leva seu nome, em 2014, quando finalmente se estabeleceu como artista solo, deixando para trás a fama de ex-astro da Disney, ele viu seu relacionamento de dois anos com a modelo Olivia Culpo sucumbir. Essa tensão entre a consolidação do sucesso e as ruínas de um coração partido inspiraram seu novo disco, Last Year Was Complicated, lançado mundialmente sexta-feira. 

Alçado à fama na pré-adolescência, quando virou ícone teen como um terço do Jonas Brothers, formado com seus irmãos Joe e Kevin, Nick parecia rechaçar dois rótulos associados a ele: os de galã e astro pop. Multi-instrumentista, no seu projeto paralelo, intitulado Nick Jonas & The Administration, ele fazia questão de se afastar da sonoridade pop-rock do trio familiar, explorando gêneros como blues e soul e buscando reforçar uma identidade mais madura.

 

No entanto, em 2013, com o fim do grupo com os irmãos, o cantor entrou em estúdio para gravar seu segundo disco solo (o primeiro foi lançado quando ele tinha 13 anos e é quase ignorado na sua discografia). O lançamento do álbum, em 2014, surpreendeu justamente por apresentar o artista como um sex symbol e cantando em cima de sintetizadores que não fariam feio em um disco de Justin Timberlake.

Essa transição, apesar da aparente contradição com o que vinha sido construído por ele, não soou forçada. A mescla de r&b com música eletrônica, aliada ao bom ouvido de Jonas para melodias grudentas, mas que não caem no “pop farofa”, fizeram o álbum uma das boas surpresas daquele ano. 

Last Year Was Complicated segue uma linha similar. Em muitos aspectos, parece uma continuação segura da fórmula que deu certo no antecessor. Aqui, no entanto, Jonas se permite dar mais personalidade às composições (todas com co-autoria dele), deixando em evidência as cicatrizes deixadas pelo fim do relacionamento.

Close, parceria com a sueca Tove Lo, é um bom exemplo dessa maturidade sonora e na composição. A faixa, um r&b minimalista, com a certeira pulsação de um tambor de aço, é um bom indicativo do potencial de Jonas se explorar sonoridades menos óbvias.

Na mesma linha de desnudamento emocional está Unhinged, balada ao piano na qual o cantor expõe seu medo de se abrir emocionalmente, admitindo ter dificuldade em ceder. Em Voodoo ele acelera o ritmo, com batidas quebradas e agressivas, além de direcionar mágoas para a ex. 

A dor de cotovelo continua em Chainsaw, que segue a tradição de canções sobre términos nas quais a destruição de um objeto serve como metáfora da demolição amorosa. Uma das mais genéricas do disco, a faixa parece uma sobra do álbum anterior.

HEDONISMO

Mas não é só a fossa que define o trabalho. Para além do coração partido, a “solteirice” também dá o tom do disco. Champagne Problems, uma ótima mescla sonora de eletro, trap, dance music e hip hop, é um retrato divertido de alguém redescobrindo os prazeres do hedonismo.

Ainda que esteja disposto a mostrar estar curtindo o recente estado civil, Jonas passa também a impressão de que não sabe muito bem o que é estar sozinho. O auge desse desconforto talvez apareça de forma dissimulada na dançante Bacon, uma canção que compara a companhia da parceira com o prazer de comer toucinho defumado. É como se precisasse recorrer à metáfora besta como forma de não alienar parte do seu público, meio perdido nessa transição.

Talvez pela pressão em manter o sucesso do disco anterior, ele parece se esforçar demais e se perde em alguns momentos, como em Touch, faixa que soa como algo que Justin Timberlake teria gravado em 2002. É uma boa canção, mas que confunde mais do que esclarece a respeito da identidade do artista.

Last Year Was Complicated se insere na boa leva de discos pop lançados por ex-astros adolescentes, como Zayn Malik, Ariana Grande e Justin Bieber. Bebendo do r&b e do hip-hop, eles conseguem conquistar um público mais velho, com canções que flertam com gêneros alternativos, mas pecam ao dizer pouco sobre aqueles que as interpretam. No fim, tem-se apenas vislumbres de quem está atrás do microfone.

 

Ainda é difícil saber se Jonas um dia entregará um FutureSex/LoveSounds, disco de Timberlake de 2006 que moldou o pop nos anos seguintes e até hoje soa contemporâneo. Mas, se Jonas entender que é o “complicado” que o deixa interessante, é possível vislumbrar um futuro promissor.

 

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