Associar tributo à nostalgia chega a ser redundante em alguns casos. E o espetáculo argentino ABBA Mamma Mia: The Tribute Show, que se apresentou no Teatro RioMar no último sábado (2) não foge à premissa. Relembrar as canções do quarteto pop de suecos que fizeram um estrondoso sucesso entre 1972 e 1982 levou um público de pessoas majoritavelmente mais velhas a preencher as cadeiras do espaço. E talvez esse amadurecimento na idade tenha impedido a plateia de curtir mais o momento mágico que os hermanos estavam nos presenteando naquele palco, gerando uma timidez às vezes constrangedora.
O show protagonizado pelas atrizes e cantoras Gwendolyne Moore (Agnetha), Florencia Rovére (Frida), Nicolás Salvador (Björn) e Sergio Gutierrez (Benny) tinha uma estrutura bem modesta. No palco, além do quarteto, havia apenas mais dois músicos e um simples telão de projeções. Mas a iluminação bem executada supria a necessidade de mais algum elemento cênico no palco. A banda demonstrou um ótimo domínio de cada canção do ABBA, não deixando nada a desejar no sentido musical.
As vozes profissionais de Gwendolyne e Florencia eram doces de ouvir e transmitiam mais saudades do grupo original. Afinadas e simpáticas, volta e meia tentavam se comunicar num portunhol perfeitamente compreensível. E essa simpatia terminava na apatia do público que, demasiadamente comportado, insistia em apenas aplaudir no fim de cada música, principalmente nos primeiros blocos.
Ao longo do espetáculo, porém, o público foi se deixando permitir a se empolgar com o que via. No segundo bloco - onde as transições são percebidas por vídeos que contam a trajetória do grupo e/ou mostram momentos do grupo original - os espectadores acompanharam a música Fernando nas palmas, por insistência das vocalistas, seguida de Honey Honey. E na hora do clássico The Winner Takes It All, a plateia (finalmente) quebrou seu próprio protocolo ao aplaudir imediatamente no primeiro verso. A saudosa Chiquitita encerrou esta parte do show.
O penúltimo bloco teve como destaques as canções Take a Chance on Me e SOS. Também se notava a segunda troca de roupa das cantoras, que exibiam figurinos fidedignos às suecas, muito bem acabados.
Os maiores hits do ABBA foram, estrategicamente, escolhidos para o quarto e último bloco do show, quando o público já começava a soltar gritinhos e aplaudiu mais forte a sequência Mamma Mia! e Super Trouper. No arrebatador momento de Dancing Queen, por incentivo das cantoras, a plateia enfim se levantou de suas cadeiras e foi soltando o corpo como que querendo atender o apelo da música que dizia (em tradução livre) "Você pode dançar / Você pode se esbaldar / Tendo o momento de sua vida", arrancando longos aplausos no final.
O bis veio com a dançante Gimme! Gimme! Gimme! que, para quem é atualizado nas ondas no rádio, por um momento quis soltar uns versos de Hung Up, de Madonna, que sampleou a música das suecas em seu grande sucesso de 2005. No fim de tudo, o Teatro RioMar tinha tudo para se tornar uma pista animada de dança. Os argentinos deram conta do recado, mas a maioria da plateia parece ter esquecido em casa o que seriam os embalos de um bom sábado à noite.