“Eu só apresentei esse show duas vezes no Recife e uma em Caruaru, então muita gente ainda não viu. Espero todo mundo agora para acontecer mais bonito”. Quem diz isto é Almério, que estará hoje e amanhã, no Caixa Cultural, entoando as canções do seu segundo disco, Desempena.
Ele se apresenta acompanhado por Guilherme Eita (Violão, Guitarra), Philipe Moreira Sales (pífanos, flauta), Marconiel Rocha (Percussão), Ana Paula Marinho (percussão), Eduardo Slap (baixo). O espetáculo tem direção de Juliano Holanda e direção artística de André Brasileiro.
Num pique constante desde o lançamento do álbum, com circuladas demoradas em São Paulo, participação no Rock in Rio e um projeto engatilhado no RJ, Almério chega elétrico ao palco do teatro do espaço cultural da Caixa Econômica: “Na verdade, esse show é maturação. Está complicado fazer show em meio a essa crise humanitária e econômica. O espaço que a Caixa nos deu é uma chance ótima de tornar o show cada vez mais orgânico. A energia é outra. Quem for assistir vai sentir tudo novo de novo”, incita os fãs.
Enquanto divulga Desempena, Almério engatou, com a baiana Mariene de Castro, o projeto Acaso Casa, com produção de Zé Maurício Machline (o produtor do Prêmio da Música Brasileira), e direção musical do ubíquo Juliano Holanda. O acaso colaborou para esta parceria existir. Almério foi convidado para o aniversário de Machline, no Rio. Foi-lhe pedido que ensaiasse algumas canções a fim de servir uma canja refinada ao aniversariante e demais convidados. Entre eles estavam, entre outros, João Bosco, Elba Ramalho, Alceu Valença, Hamilton de Holanda, Zélia Duncan e Mariene de Castro.
Numa festa imodesta como essa, a canja foi generalizada. Todo mundo cantou com todo mundo. Quando coincidiu de Almério e Mariene de Castro ficarem na berlinda, pintou clima e química: “Quando cantamos juntos, Mariene, que é uma força da natureza, aconteceu uma energia muito forte entre a gente, musicalmente falando, nos emocionamos mutuamente. Zé Maurício no exato momento sentiu, e lançou a ideia do show juntos. Um dia depois, nos reunirmos e nasceu o Acaso Casa. Estou muito feliz, e doido pra viver essa experiência e troca com essa cantora maravilhosa da nossa música resistente e brasileira”, conta Almério.
Nascido em Altinho, Almério viveu a maior parte da vida, até agora, em Caruaru. Da forte cena local, foi o primeiro a dar o grande salto: mal caiu no Recife, já alçava voos para o Sudeste. Ele diz que não deixou a cidade, pelo contrário, está retornando sempre que pode. Vive entre Caruaru, Recife, São Paulo e Rio: “Fiz show em Caruaru no São João, tenho um público sólido, fiel, carinho e respeitoso lá. Coisa conquistada pelo afeto, pelo contato, pelo abraço, nas noites e bares e becos e feiras por onde passei. Gritando poesia na madrugada com os doces doidos poetas e artistas. Esse mesmo público que me fez ganhar o patrocínio do Natura Musical. Tenho uma relação muito especial com os meus colegas e amigos de trabalho”, comenta, citando artistas da cidade com quem comunga de afinidades, Isabela Moraes, Junio Barreto, Ortinho, Valdir Santos, Herbert Lucena, Thera Blue, Gabi da Pele Preta, Ivison, Rogéria.
No Recife, ele integra uma grupo informal, mas coeso, de instrumentistas, intérpretes, compositores, liderados, não oficialmente por Juliano Holanda, que tocará com ele nos dois shows que fará no Rio com Mariene de Castro (nos dias 13 e 14 de dezembro, no Teatro XP Investimentos). Os outros músicos, Gel Barbosa (sanfona), Pedro Franco (violão, guitarra e bandolim):
“A nossa surpresa se deu na escolha do repertório, eu sugeria uma música e Mariene outra, Zé Maurício e Juliano Holanda alinhando isso tudo, que caminhou pra um lugar muito especial e foi parar num brejo que mora dentro da gente. Foi para o nosso interior, pra essa casa primeira, por isso Acaso Casa, somos os dois do interior”, explica.
Ele não esconde a ansiedade que lhe está provocando o Acaso Casa. Fácil de entender: pela primeira vez, ganha uma exposição num palco privilegiado, com uma cantora de nome firmado e a garantia do poderoso Zé Maurício Machline, na cidade que ainda é a mais badalada do país. Ele tem plena consciência da importância deste show e não deixou a burrinha da sorte passar por ele; montou nela, e quer continuar cavalgando: “O que está acontecendo comigo agora, aos 37 anos... Tô no agora ou nunca”, enfatiza.
O show começa hoje às 20h. Amanhã serão duas sessões, ás 17h e 20h. Cada apresentação terá um convidado. Hoje será Helton Moura e sábado, Gabi da Pele Preta e Isabela Moraes. A Caixa Cultura na Avenida Alfredo Lisboa, 505, no Bairro do Recife. Ingressos: R$ 20 e R$ 10. Telefone: 3425-1915.