O festival BB Seguros de Blues e Jazz, em sua quarta edição, traz hoje sete atrações para o Parque Santana, a partir das 14h30. Uma delas, que toca às 20h, é bastante especial, o americano Lil’ Jimmy Reed, que estreia em palcos recifenses. Nascido na Louisiana, na região de Baton Rouge, batizado como Leon Atkins, ele ganhou seu nome artístico, aos 18 anos, por causa de Jimmy Reed, um dos mais importante nomes do blues, que influenciou de Elvis Presley a The Rolling Stones, e claro, Lil’ Jimmy Reed: “Nunca vi Jimmy Reed. Ele veio tocar na minha cidade e ficou bêbado, eu fui convidado pra tocar no lugar dele. Quer dizer, eu nunca vi Jimmy Reed, mas toquei com o grupo dele”, explica o blueseiro, em entrevista ao JC.
Aos 80 anos, Lil Jimmy Reed levou uma vida típica dos músicos do pop. Os primeiros anos da carreira foram divididos entre o blues e uma barbearia. Depois vieram as Forças Armadas, onde passou vinte anos.Só quando deu baixa foi que se dedicou inteiramente ao blues, em tempo integral, e passou incólume pelo rock and roll. Contemporâneo de Elvis Presley, Little Richards, Jerry Lee Lewis ou Chuck Berry, ele garante que nunca os viu: “Nunca conheci nenhum deles, não gosto de rock and roll, sou um bluesman”.Embora um blueseiro xiita, ele diz que gostava dos roqueiros brancos que aderiram ao blues nos anos 60: “Alguns eram bons, sabiam tocar blues, mas não cantar. Não gosto da música dos Rolling Stones, eles tocaram Jimmy Reed, quero ver é tocar feito Lil’ Jimmy Reed”.
Ele tocou na Europa antes do blues virar uma onda musical partindo de Londres: “Quando estava no Exército, toquei pela Europa toda, Alemanha, todo canto, montei uma banda para tocar blues na Europa”. Lil’ Jimmy Reed reconhece que é o último de uma geração: “Todo o pessoal já se foi, talvez eu seja o último da Louisiana. Todos mortos, Slim Harpo, todos os grandes se foram”. Quando ele foi pego pelo blues? “Blues está no cotidiano. Em tudo que você faz. Quando você chega em casa e vai cozinhar, você já está no blues, e nem sabe”. Lil’ Jimmy Reed nem lembra de todos os grandes blueseiros com quem tocou, cita ospreferidos, “Já estive no palco com Bobby Blue Bland, B.B. King, Eric Clapton, gosto de todos eles”.
No show de hoje no BB Seguros de Jazz e Blues ele diz que vai tocar standards, músicas dele, de Jimmy Reed. “Mas nada de rock and roll”. Perguntado qual o blueseiro contemporâneo que ele gosta, riu: “Gosto de Lil’ Jimmy Reed”.
O festival será aberto pela BB Seguros Jazz Band, que tocará no meio do público standards do jazz e blues. O guitarrista recifense Rodrigo Morcego, e banda, adentra o palco às 15h, tocando um repertório em parte autoral. Em seguida, às 16h10, a música de Jimi Hendrix será tocada pelo mineiros de O Bando. Às 17h10 é a vez do veterano guitarrista Toninho Horta. Ele vem com a Orquestra Fantasma, formada por Lena Horta (flauta), Iuri Popoff (baixo), André Dequech (teclado) e Cleber de Almeida (bateria). Às 18h10, tem o saxofonista carioca Léo Gandelman com o Julio Bittencourt trio tocando Beatles. Depois do blueseiro Lil’ Jimmy Reed, fechando a noite, o guitarrista baiano Pepeu Gomes, ex-Novos Baianos, que tocará um repertório instrumental. Porém, como acabou de lançar disco novo, Eterno Retorno, talvez apresente alguma canção nova, além dos seus hits dos anos 80. O festival tem entrada franca.