Vitor Araújo retoma o erudito com Angústia

o concerto reúne cinema, teatro, literatura e música
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Publicado em 21/09/2011 às 6:00


Aos 22 anos, o pianista Vitor Araújo, deu mais um passo ousado numa carreira, iniciada, há cinco anos, com uma polêmica. Ou melhor, uma dura crítica do pianista, maestro e compositor Marlos Nobre, que não gostou da interpretação do então adolescente Vitor, para a sua peça Frevo. Desde segunda, ele apresenta, sala Crisantempo, no descolado bairro de Vila Madalena, em São Paulo, o concerto Angústia. O termo “concerto”, por falta de um termo que defina o espetáculo, que envolve cinema, teatro, literatura e, naturalmente, música. com direção assinada por Lírio Ferreira (O baile perfumado, Árido movie, O homem que engarrafava nu vens), e som a cargo de Buguinha (músico, DJ, bem conhecido da geração manguebeat).

São onze músicas, autorais, de compositores eruditos brasileiros, com textos, projetos num telão, de Graciliano Ramos, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, e dos músicos Arnaldo Antunes (também poeta) e Ortinho, este último na voz de Vitor Araújo. Angústia não tem a ver com o livro homônimo de Graciliano Ramos. Ou melhor, não tinha quando foi idealizada pelo pianista, como uma das peças do tripé, ou trilogia musical, composta ainda de Infância e Orgasmo (ambos ainda não prontas): “Quando expliquei a Lírio o que queria, que passei o nome do concerto, ele se surpreendeu porque Angústia é um dos romances preferidos dele, que inclusive tem intenção de filmar a história de Graciliano”, conta Vitor Araújo, em conversa por telefone.

O convite a Lírio Ferreira porque Vitor Araújo diz que não conseguiria traduzir o conceito que imaginou para o concerto apenas com a música: “Eu não queria que fosse apenas um concerto, apenas a música, mas o hibridismo com outros elementos que enriquecessem, e contribuíssem para catalisar estes sentimentos que tento expressar”, comenta. Um conceito que tem muito de metafísico, subjetivo. Uma das peças, composta por Vítor Araújo, é uma suíte, em quatro parte, intitulada Solidão.

Angústia fica em cartaz em São Paulo até novembro. Logo em seguida, Vitor faz uma de concertos na Europa, começando pela  Áustria: “Nunca passei tanto tempo longe dos meus pais, mas acho que só dá para voltar ao Recife em dezembro”, diz o pianista. Só então é que Angústia deve ser mostrado na cidade, talvez até como show de lançamento do disco: “Toda a música  já está gravada. Falta apenas mixar e remasterizar”, diz Vitor Araújo, que já tem outra empreitada engatilhada: um disco com o também precoce instrumentista (violonista) Vinicius Sarmento, 19 anos: “Fizemos várias músicas juntos, e convidamos amigos nossos para botar letra. mas só dá para continuar quando eu voltar ao Recife. Tentamos compor por Internet mas não funcionou".


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