MoMa de Nova Iorque presta homenagem à arquitetura moderna da América Latina

Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Peru, Colômbia, Venezuela, México, Cuba, República Dominicana: A exposição inclui mais de 500 obras que englobam um quarto de século
Da AFP
Publicado em 27/03/2015 às 12:56
Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Peru, Colômbia, Venezuela, México, Cuba, República Dominicana: A exposição inclui mais de 500 obras que englobam um quarto de século Foto: Foto: AFP


O Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque presta homenagem à arquitetura moderna da América Latina com uma grande mostra centrada na segunda metade do século XX e na marca do desenvolvimentismo na região.

Através de centenas de desenhos originais, modelos, fotos e filmes de uma dezena de países, a exposição "América Latina em construção: Arquitetura 1955-1980" será aberta no próximo domingo e pode ser acompanhada até o dia 19 de julho no prestigiado museu de Manhattan, retomando sessenta anos mais tarde uma emblemática mostra sobre a disciplina na região dedicada à década 1945-1955.

Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Peru, Colômbia, Venezuela, México, Cuba, República Dominicana: A exposição inclui mais de 500 obras que englobam um quarto de século latino-americano de Norte a Sul.

"São países diferentes em momentos diferentes. Um dos riscos da mostra era entender a região como um bloco homogêneo", indicou na terça-feira o curador de Arquitetura e Desenho do MoMA, Barry Bergdoll, na apresentação à imprensa, ao se referir ao amplo espectro englobado.

"Gosto do formato da conversa porque mostra hipóteses e não respostas", acrescentou Bergdoll ao se referir ao diálogo entre as problemáticas e tradições locais e as ideias provenientes de diferentes partes do mundo que deram lugar à originalidade da arquitetura latino-americana.

A mostra começa com um filme concebido pelo cineasta e artista audiovisual Joey Forsyte e dedicado ao desenvolvimento de Buenos Aires, Montevidéu, São Paulo, Rio de Janeiro, Caracas, Havana e Cidade do México com imagens de arquivo que são projetadas em sete telas de maneira simultânea, refletindo os paralelismos e contrastes destas cidades.

Das modernas cidades estudantis, tendo como exemplo a Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), à criação de uma nova capital como Brasília, o planejamento moderno tem um lugar preponderante e permite ver documentos históricos, como o primeiro esboço de Lúcio Costa sobre a cidade brasileira com forma de pássaro ou avião, realizado em um envelope.

Laboratórios urbanos

Além destes projetos visionários com a ideia de uma futura cidade ideal, o período analisado também mostra o laboratório arquitetônico no qual a região se converteu através das necessidades que surgiram com o impressionante crescimento de suas grandes cidades.

Neste sentido surge com força a marca do discurso do desenvolvimentismo, com uma grande intervenção estatal, para transformar a paisagem urbana incluindo um olhar renovado do espaço e dos edifícios públicos, com exemplos muito conhecidos, como Rio de Janeiro, e menos famosos, como Santa Rosa de La Pampa, na Argentina.

O aumento exponencial da população nas metrópoles também obrigou a repensar a questão da habitação, com importantes planos para residências coletivas como o PREVI (Projeto Experimental de Habitação) em Lima, um bairro de baixo custo concebido em 1966 pelo arquiteto britânico Peter Land e desenvolvido com o apoio das Nações Unidas.

Se a história da arquitetura latino-americana é encarada principalmente em termos de importação de estilos e técnicas europeias ou americanas, a mostra serve para desmontar este preconceito apresentando a exportação de formas inovadoras.

O caso mais conhecido é o das obras do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer (1907-2012), como a sede do Partido Comunista francês em Paris, da qual é possível observar uma maquete, ou o Auditório de Ravello (Itália).

A região teve inclusive seu lugar no pensamento utópico mundial, como fica refletido em um desenho com o projeto da "primeira cidade na Antártica" (1981), a cargo do argentino Amancio Williams, e que justamente serve como encerramento da exposição.

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