Longa chinês A assassina desafia a paciência do espectador em Cannes

O diretor do longa, Hsiao-Hsien sempre posiciona a câmera de forma pouco intrusiva, fato que costuma fazer sucesso entre os chamados "diretores cabeça"
Folha Press
Publicado em 21/05/2015 às 18:40
O diretor do longa, Hsiao-Hsien sempre posiciona a câmera de forma pouco intrusiva, fato que costuma fazer sucesso entre os chamados "diretores cabeça" Foto: Divulgação


Afastado dos longas-metragens desde 2007, o chinês Hou Hsiao-Hsien (A viagem do balão vermelho) volta ao cinema e ao Festival de Cannes para sua oitava disputa de Palma de Ouro.

Um dos diretores modernos mais respeitados pela crítica cinematográfica, o ganhador do prêmio do júri de 1993 por Mestre das marionetes entregou Nie yin niang (ou A assassina) no fechamento da quarta-feira (20) de competição na Croisette.

Hsiao-Hsien planejava seu "filme de artes marciais" há 25 anos e o lapidava há pelo menos cinco. Mas tempo não é problema no caso do chinês. É característica e o tom de seu cinema, refletido em longos e plasticamente elaborados planos.

Então, não espere que A assassina siga o estilo dos Wuxia (filmes chineses de artes marciais) tradicionais, apesar de algumas lutas de espadas (editadas quase amadoramente, disfarçadas como "estilo", chegando a gerar risadas) e combatentes que saltam no ar.

O longa começa em preto e branco, quando a freira/mestre de artes marciais ordena que sua pupila, Yinniang (Shu Q), mate um homem que cavalga numa floresta. Ela faz sem pestanejar. Mas o mesmo não acontece quando ela invade um feudo para assassinar um homem, mas muda de ideia ao vê-lo com o filho nos braços. Sua mestre a pune com uma missão ainda mais dolorosa: matar Tian Ji'an (Chang Chen), o grande amor da jovem guerreira, hoje um líder no estado de Weibo.

Se O tigre o dragão levou a arte aos wuxia, A assassina faz o caminho inverso, nem sempre de forma bem-sucedida -Wong Kar-Wai sentiu as dificuldades do gênero em O grande mestre, mas soube equilibrar ação e poesia gráfica.

O filme é lindo em suas composições, mas está mais para uma exibição em museu ou galeria do que em cinema. São dezenas de fade-out separando longas sequências que raramente levam o filme para a frente – pode ser um diálogo de dez minutos ou uma formiga passando por uma flor.

Hsiao-Hsien, habilidoso como poucos cineastas, sempre posiciona a câmera da maneira menos intrusiva possível (atrás de cortinas, no telhado, encostada em árvores), mas desafia a paciência do espectador. Pelo menos, certamente será um sucesso entre diretores cabeça.

TAGS
CANNES Cinema chinês A assassina
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory