"A gente ia gravar parte deste DVD por ocasião do (festival) Mimo que não aconteceu aí. Por isto também a turnê não passou pelo Recife, acontece que, na orquestra do Martin, os integrantes são spallas em suas respectivas orquestras, um na Noruega, outro na Dinamarca. Pra juntar todo mundo é difícil. Tínhamos estas datas agendadas. Como a Mimo caiu fizemos na Bimhuis, em Amsterdã", quem diz isto é Lenine, referindo-se a parceria dele com o maestro holandês Martin Fondse. Uma parceria que durou três anos e foi documentada no DVD/CD The Bridge: Lenine & Martin Fondse Live at Bimhuis (Coqueiro Verde), que virou especial do Canal Brasil, com direção de Flora Pimentel e Gustavo Tolhuizen, para o selo Casa 9.
Lenine conversa sobre The Bridge recém-chegado de uma miniturnê americana que passou por Miami, Boston, Nova Iorque, Orlando. Ele cantou com Sandro Albert (guitarra), Gastão Villeroy (baixo) e Omar Hakim (baterista), este último uma referência no instrumento (tocou no Weather Report, com Sting e quem mais se pensar de grande nomes do jazz).
"De uma pancada só fizemos quatro cidades. Nos encontramos um dia antes. O melhor de tudo nesses encontros é essa compreensão de que cada vez que saio com minha música e frequento outro mioma, meu repertório se adapta muito bem. Me dá este sentimento de perenidade, é muito bacana, como compositor, perceber isto nas canções", comenta. O músico conserva da turnê também a lembrança de um furacão na Flórida, que adiou a volta ao Brasil: "Estou conhecendo geológica e profundamente planeta", lembrando que já testemunhou um terremoto na Califórnia, e vulcões nas Ilhas Reunião, na África "Falta só um tsunami, mas pra mim, já chega", brinca.
The Bridge: Lenine & Martin Fondse Live at Bimhuis começa pelas explicações, Lenine e Martin Fondse comentam o que os atraiu musicalmente, o desenvolvimento do projeto, em seguida vem o show, com as canções com outras roupagem, outros andamentos, outros climas: Lenine ressalta a diferença entre seu trabalho com terceiros, e com sua banda: "Neste caso você está se reunindo em torno do repertório, não é a sua coisa autoral. No show Carbono, que ainda tem muito chão, com perdão do trocadilh, há a autoralidade não só nas canções, mas como eu toco, é uma coisa de banda, com Pantico, com Gila e com Bruno, pessoas com quem toco há muito tempo".
No repertório Lenine e a Martin Fondse Orchestra fazem uma viagem pela obra do pernambucano. Vão de Paciência, Hoje eu Quero Sair Só, Do It, A Ponte, e faixas pinçadas do Carbono, A Causa e o Pó, ou a citada O Universo na Cabeça do Alfinete.