O Cais do Sertão, um dos equipamentos mais visitados de Pernambuco, amanheceu fechado nesta quarta (22). Na entrada do espaço, apenas um aviso de que o museu não estaria disponível para visitação devido à manutenção do piso. Apesar da justificativa oficial, nos bastidores fala-se de falta de pagamento dos funcionários, que teriam se mobilizado e parado as atividades em protesto.
Não houve anúncio nas redes sociais e não houve comunicado à imprensa sobre o fechamento do espaço, que já recebeu mais de 89 mil visitantes em 2016.
Na manhã de quarta (22), um professor leitor do Jornal do Commercio ligou para a redação contando que chegou com uma turma de alunos da rede pública para visitar o equipamento e se surpreendeu com a falta de atividades
De acordo com Gilberto Freyre Neto, responsável pela Fundação Gilberto Freyre, que gere o Cais do Sertão, a decisão ocorreu em caráter emergencial, pois o chão do espaço necessitava de reparos urgentes.
“Estávamos com problema grave de piso, que estava cedendo internamente. Desde segunda-feira estamos fazendo uma análise estrutural e ele deve ficar mais uma semana fechado. Nesse período, estamos fazendo um trabalho de proteção do acervo, envelopando tudo que está exposto. É um processo trabalhoso, porque temos que remover o piso que está danificado e fazer toda a reestruturação”, afirmou Freyre Neto.
Segundo denúncia anônima recebida pela redação, as obras de reparo estavam, de fato, programadas, mas aconteceriam no horário da madrugada, justamente para não comprometer o pleno funcionamento do museu. No entanto, com o atraso no pagamento dos salários dos, que não teriam recebido o valor relativo ao mês passado, os funcionários teriam paralisado as atividades desde segunda-feira.
Gilberto Freyre Neto também confirmou que os salários de fevereiro não foram quitados e alguns fornecedores também esperam seu pagamento.
“Os repasses são feitos a cada mes e a projeção de contas vai para análise da controladoria da Empetur. O problema é que, ao invés de recebermos tudo em uma parcela, em alguns meses esse valor é dividido em duas parcelas, o que motiva atrasos. No final de 2016, recebemos três parcelas acumuladas para pagar tudo, o que deu um trabalho gigantesco porque é um sistema com certa complexidade”, disse.
Segundo o gestor, o Cais do Sertão demanda cerca de R$ 300 mil por mês. Para quitar os pagamentos pendentes, seriam necessários cerca de R$ 400 mil. Freyre Neto afirmou que espera ter o problema da prestação de contas resolvido até amãnhã e o valor referente a duas parcelas (totalizando R$ 600 mil) liberado até a próxima semana, a fim de garantir o funcionamento normal do espaço cultural já na terça-feira.
Com apenas a primeira etapa em funcionamento, o Cais do Sertão ainda aguarda a abertura do seu anexo com 6.600,83 m² e que prevê área salas de aula para cursos, auditório para shows e cinema, espaço para exposições temporárias, um bar/café no térreo e um restaurante na cobertura com vista para o mar.
Segundo a Empetur, atualmente, estão sendo fabricados os combogós da obra e a estrutura metálica de sustentação deles. A ampliação do Cais do Sertão está orçada em R$ 24.227.282,91, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e tem previsão de entrega para outubro de 2017. Para acompanhamento da execução do projeto foi contratada a consultoria do arquiteto Marcelo Carvalho Ferraz, no valor de R$ 120 mil.