Em meio a denúncia de atrasos, Cais do Sertão está de portas fechadas

O espaço amanheceu fechado nesta quarta (22) sem aviso prévio; gestor fala em manutenção, mas há denúncia de paralisação por atraso nos salários
JC Online
Publicado em 22/03/2017 às 19:39
Foto: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


O Cais do Sertão, um dos equipamentos mais visitados de Pernambuco, amanheceu fechado nesta quarta (22). Na entrada do espaço, apenas um aviso de que o museu não estaria disponível para visitação devido à manutenção do piso. Apesar da justificativa oficial, nos bastidores fala-se de falta de pagamento dos funcionários, que teriam se mobilizado e parado as atividades em protesto.

Não houve anúncio nas redes sociais e não houve comunicado à imprensa sobre o fechamento do espaço, que já recebeu mais de 89 mil visitantes em 2016.

Na manhã de quarta (22), um professor leitor do Jornal do Commercio ligou para a redação contando que chegou com uma turma de alunos da rede pública para visitar o equipamento e se surpreendeu com a falta de atividades

'CARÁTER EMERGENCIAL' 

De acordo com Gilberto Freyre Neto, responsável pela Fundação Gilberto Freyre, que gere o Cais do Sertão, a decisão ocorreu em caráter emergencial, pois o chão do espaço necessitava de reparos urgentes.

“Estávamos com problema grave de piso, que estava cedendo internamente. Desde segunda-feira estamos fazendo uma análise estrutural e ele deve ficar mais uma semana fechado. Nesse período, estamos fazendo um trabalho de proteção do acervo, envelopando tudo que está exposto. É um processo trabalhoso, porque temos que remover o piso que está danificado e fazer toda a reestruturação”, afirmou Freyre Neto.

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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ATRASO NOS SALÁRIOS

Segundo denúncia anônima recebida pela redação, as obras de reparo estavam, de fato, programadas, mas aconteceriam no horário da madrugada, justamente para não comprometer o pleno funcionamento do museu. No entanto, com o atraso no pagamento dos salários dos, que não teriam recebido o valor relativo ao mês passado, os funcionários teriam paralisado as atividades desde segunda-feira.

Gilberto Freyre Neto também confirmou que os salários de fevereiro não foram quitados e alguns fornecedores também esperam seu pagamento.

“Os repasses são feitos a cada mes e a projeção de contas vai para análise da controladoria da Empetur. O problema é que, ao invés de recebermos tudo em uma parcela, em alguns meses esse valor é dividido em duas parcelas, o que motiva atrasos. No final de 2016, recebemos três parcelas acumuladas para pagar tudo, o que deu um trabalho gigantesco porque é um sistema com certa complexidade”, disse.

Segundo o gestor, o Cais do Sertão demanda cerca de R$ 300 mil por mês. Para quitar os pagamentos pendentes, seriam necessários cerca de R$ 400 mil. Freyre Neto afirmou que espera ter o problema da prestação de contas resolvido até amãnhã e o valor referente a duas parcelas (totalizando R$ 600 mil) liberado até a próxima semana, a fim de garantir o funcionamento normal do espaço cultural já na terça-feira.

SEGUNDA ETAPA

Com apenas a primeira etapa em funcionamento, o Cais do Sertão ainda aguarda a abertura do seu anexo com 6.600,83 m² e que prevê área salas de aula para cursos, auditório para shows e cinema, espaço para exposições temporárias, um bar/café no térreo e um restaurante na cobertura com vista para o mar.

Segundo a Empetur, atualmente, estão sendo fabricados os combogós da obra e a estrutura metálica de sustentação deles. A ampliação do Cais do Sertão está orçada em R$ 24.227.282,91, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e tem previsão de entrega para outubro de 2017. Para acompanhamento da execução do projeto foi contratada a consultoria do arquiteto Marcelo Carvalho Ferraz, no valor de R$ 120 mil.

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