Diante da polêmica envolvendo a retirada de filmes de sete cineastas do Cine PE, o ministro da Cultura, Roberto Freire, posicionou-se contra “qualquer censura ideológica”. No Recife para cumprir agenda oficial, do fim de semana até ontem, o presidente do Partido Popular Socialista (PPS) afirmou ainda que, sob sua gestão, o MinC voltará a patrocinar festivais, proposta que, segundo ele, estava paralisada há mais de dez anos.
“O que tenho dito é que o Ministério da Cultura vê com preocupação a ideia de que as atividades culturais do País vão sofrer censura de qualquer espécie. Temos que admitir o pluralismo de ideias, a diversidade das linguagens. Não pode haver nenhum cacoete de censura ideológica”, afirmou ao JC.
Questionado sobre se acreditava ter havido algum tipo de patrulhamento ideológico por parte dos cineastas, como chegou a afirmar o cineasta Josias Teófilo, cujo filme O Jardim das Aflições foi considerado um dos pivôs do imbróglio, Freire preferiu não fechar veredictos.
“Pelo que me foi passado, há certo conflito a partir de posicionamentos políticos e ideológicos. A gente precisa coexistir em uma sociedade democrática e é importante que parte da esquerda leia Rosa Luxemburgo e entenda que a sua liberdade também pressupõe a liberdade do outro”, ponderou.
Sobre possível apoio do MinC ao Cine PE, que atualmente está sem data de realização, o ministro disse não ter havido qual quer tipo de pedido por parte da produção, mas que o ministério irá lançar, muito em breve, editais de patrocínio para festivais.
“Estávamos há dez anos sem patrocinar festivais, seja da juventude, de cinema, enfim, não havia patrocínio e nós vamos reabrir alguns editais nesse sentido. Íamos lançar há algum tempo, mas houve ajustes por conta de contingenciamento. Muito em breve, serão divulgados. É preciso fomentar. Temos mais de 500 festivais de cinema, alguns consolidados e outros mais recentes, então a Secretaria do Audiovisual vai chegar junto e dar apoio para a realização deles”, adiantou.