Ao longo de quatro décadas no meio artístico, Gretchen tem desafiado as probabilidades, mantendo-se nos holofotes e, recentemente, conquistando espaços inéditos. Desde segunda-feira, seu nome ocupa as manchetes nacionais e internacionais graças à participação no lyric video de Swish Swish, nova música de trabalho de Katy Perry, e de um comercial da série Glow, da Netflix. Eterna Rainha do Rebolado, a intérprete de Conga La Conga é hoje, também, a Rainha dos Memes. Em meio à superexposição, Gretchen parece ter encontrado o equilíbrio entre sua figura pública e o desejo de ser simplesmente Maria Odete (seu nome de batismo). Em entrevista coletiva, realizada no Santo Bar, no Recife, ela falou sobre carreira internacional, Katy Perry relação com Thammy e sua vontade de cursar uma universidade.
Acompanhada do marido, o português Carlos Marques, e da filha, Valentina Miranda, de 7 anos, com quem vive em Mônaco, Maria Odete, 58, fez questão de fazer em Pernambuco sua primeira coletiva presencial desde o lançamento do clipe. Sua paixão pelo Estado é antiga e, segundo ela, divulgar a cultura local será sempre uma missão de vida.
Com a exposição internacional – vários sites têm feito matérias sobre ela – a artista afirmou que deu um tempo na aposentadoria e na vida caseira para se dedicar à divulgação da música de Katy Perry, que a intitulou de “icônica” e a personificação da internet, graças aos memes da brasileira (apesar do sucesso online, Gretchen disse que não sabe usar bem as redes sociais e conta com a ajuda dos filhos).
“Ela entrou em contato e no começo a gente achou que era uma pegadinha, mas era verdade”, contou. “A frase que ela mais usou e não vou esquecer nunca é que ela queria que eu fosse eu mesma, a Gretchen que o Brasil ama’, completou.
Durante a coletiva, Gretchen adiantou ainda que a cantora americana fará show no Brasil em dezembro. “Tem coisa boa vindo por aí, mas só posso dizer que vocês vão amar”, atiçou.
Questionada sobre o filho, Thammy, que é transexual, Gretchen afirmou que continuará trabalhando contra o preconceito.
“O Brasil precisa começar a se abrir para a diversidade. Quando a gente está grávida, quando perguntam para a gente se queremos que seja menino ou menina, qualquer mãe responde ‘quero que venha com saúde’. Então não importa sexo ou gênero”, afirmou.
Candidata derrotada à prefeitura de Itamaracá, em 2008, Gretchen disse que, hoje, fica feliz por não ter ocupado o cargo.
“Nunca imaginei que ia ver o que estou vendo no Brasil. A gente chegou ao absurdo. Se eu fosse presidente e tivesse feito o que fizeram, botava minha bolsinha Chanel debaixo do braço e saía linda”, brincou. Sem planos imediatos de voltar ao Brasil, Gretchen disse que quer terminar o curso de francês para ingressar na faculdade de jornalismo. “Nem preciso exercer, quero me formar e ter um diploma francês”, enfatizou.
Gretchen ressaltou ainda que vai continuar fazendo shows em circos mambembes, pois foi nesses espaços que encontrou refúgio quando sua carreira passou por um período de ostracismo.
“Fiz, faço e vou continuar fazendo, principalmente agora, depois de ficar conhecida internacionalmente. Quando eu estava grávida, muitas pessoas me fecharam as portas e foi no circo que eu consegui sustentar meus filhos. Inclusive, devo fazer um show daqui a duas semanas, no interior de Pernambuco”, reforçou.