Depois das agressões físicas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na última sexta-feira (27), a polêmica continua nas redes sociais. A confusão começou após a exibição do documentário “O Jardim das Aflições”, que retrata o pensamento do filósofo conservador Olavo de Carvalho. Na saída do local de exibição, manifestantes que se identificam com a ideologia de esquerda bloquearam uma das saídas do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e gritaram palavras de ordem para quem deixava o auditório. O bate-boca terminou em briga e deixou feridos.
Passado o episódio, as páginas da UFPE e da Assessoria de Comunicação da universidade nas mídias sociais estão sendo atacadas. A maior parte dos comentários no Facebook e no Twitter acusa a universidade de ter sido parcimoniosa com os manifestantes. Há comentários chamando a universidade de “prostíbulo petista” e de “fábrica de socialistas” e até acusando professores de serem “vagabundos, endeusando lixos como Stalin e Che Guevara”. Durante a confusão, dois seguranças da universidade tentaram conter, sem sucesso. A Polícia Militar não chegou a ser acionada.
Uma assessora da UFPE disse em seu perfil no Facebook que está sendo vítima de comentários postados por perfis fakes nas redes, tentando vincular seu comportamento à ideologia de esquerda. O JC procurou o reitor da UFPE para se posicionar sobre a confusão da última sexta-feira, mas foi informado que a universidade se pronunciaria apenas por meio de nota. Em comunicado distribuído com a imprensa e publicado nas redes no último sábado (28), a instituição repudiou a intolerância.
“A Universidade é o lugar da diversidade, da pluralidade de ideias e do respeito às diferenças, onde a existência de ideologias políticas opostas não pode ser catalisadora de agressões verbais ou físicas. As cenas de violência entre estudantes ocorridas ontem (sexta, 27) na UFPE são lamentáveis e devem ser repudiadas por todos. O debate é bem-vindo, sempre, mas a intolerância deve ser firmemente rechaçada. A UFPE defende os valores democráticos, os direitos individuais e a busca permanente por justiça social”, diz a nota.
O filósofo Olavo de Carvalho também usou as redes para lamentar a confusão. “No filme 'O Jardim das Aflições' não há uma cena, uma palavra que possa ferir a sensibilidade de um esquerdista normal (se algum existe ainda)”, alfinetou.