O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, estimou nesta sexta-feira (5) que a Grécia está mais perto do que nunca de alcançar um acordo com seus credores, mas pediu a estes últimos que retirem a "proposta absurda" apresentada na quarta-feira em Bruxelas.
"Estamos mais próximos do que nunca de um acordo", indicou ante os deputados o chefe de governo, que também convocou seus credores "a retirar a proposta absurda" relacionada às medidas orçamentárias apresentadas na quarta-feira pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Esta proposta sugerida ao país após cinco anos de austeridade, inclui cortes adicionais de 3 bilhões de euros e excedentes primários orçamentários mais elevados do que os propostos por Atenas.
"Precisamos não apenas de um acordo com nossos credores, mas uma solução definitiva para a Grécia e a Europa sobre a viabilidade da dívida" pública grega, que acabará com as especulações sobre a saída da Grécia da zona do euro, ressaltou Tsipras.
A Grécia aumentou a pressão nesta reta final das negociações e adiou uma série de pagamentos ??ao FMI para garantir um alívio financeiro.
Atenas, que até então vinha honrando seus pagamentos à instituição com sede em Washington, não reembolsará nesta sexta-feira uma parcela de 300 milhões de euros, obtendo um adiamento de três semanas para reagrupar em um único pagamento que deve efetuar em junho ao FMI, de 1,6 bilhão de euros.
Em 30 de junho, o governo espera poder reembolsar o valor após a liberação da parcela de 7,2 bilhões de euros pelos credores, parte da assistência internacional ao país, em vigor desde 2010.
A Grécia tinha os recursos para pagar o FMI nesta sexta-feira, assegurou o ministro da Economia, Giorgos Stathakis, em uma entrevista à BBC, mas "é a economia grega que paga os empréstimos há um ano batendo em seus recursos internos", uma situação insustentável.
"Os pagamentos seguintes serão difíceis", estima o economista George Pagoulatos, enquanto o Estado reduziu as despesas públicas a um mínimo nos últimos meses, em uma economia que se esforça para pagar salários, pensões e credores.
O adiamento dos pagamentos ao FMI também é "uma mensagem política interna que mostra que o governo pressionou", disse Panagiotis Petrakis, economista da Universidade de Atenas. Mas um único país, a Zâmbia, recorreu a uma consolidação de pagamento em meados dos anos 1980.
Enquanto isso, a Grécia evita um default com consequências potencialmente explosivas, que pode colocar em risco o seu lugar na zona do euro, e que dá ao governo de esquerda radical uma curta pausa para tentar arrancar algumas concessões de seus credores (UE, BCE e FMI) no programa de reformas que as partes negociam de maneira intensa desde 20 de fevereiro.
Depois de uma sessão de trabalho quarta-feira à noite em Bruxelas, com o primeiro-ministro grego, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o principal dirigente econômico da zona do euro, Jeroen Dijsselbloem, o trio deverá se reunir novamente nos próximos dias para tentar resolver suas diferenças.
"Haverá uma tentativa de síntese", antecipa o economista George Pagoulatos. A proposta do governo Tsipras, que está empenhado em aplicar aumentos significativos de impostos, "é um grande passo no sentido de realismo", diz ele.
Neste contexto, Alexis Tsipras manteve nesta sexta-feira uma conversa telefônica com o presidente russo, Vladimir Putin, para abordar a cooperação energética e econômica entre os dois países, segundo um comunicado do Kremlin.
"Foram abordadas questões sobre a cooperação dos dois países nos setores energético e empresarial, visando a participação de Alexis Tsipras na cúpula econômica de São Petersburgo, entre 18 e 20 de junho", indicou o texto.