A Grécia e seus principais interlocutores retomaram o diálogo nesta quarta-feira em Bruxelas, com Atenas tentando uma extensão de nove meses de seu programa de recuperação com novos financiamentos para o país.
Em vista de um acordo para recuperar as finanças do país, "discutimos uma extensão de nove meses, até março de 2016, do programa" atual de reformas imposto ao país por seus credores, afirmou uma fonte do governo grego.
Uma extensão do programa de ajuda europeu até março de 2016 coincidiria com a do FMI. Para aceitar permanecer sob a vigilância de seus doadores, a Grécia exige poder utilizar 10,9 bilhões de euros, originalmente destinados a apoiar o setor bancário nacional, mas que não foram utilizados.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tem programado uma reunião nesta quarta-feira à tarde com a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês, François Hollande, à margem de uma cúpula entre a UE e os países da América Latina e Caribe, segundo Paris e Berlim.
Mais cedo, ele se encontrou com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, sobre as negociações em curso para o desembolso de um financiamento à Grécia.
"O trabalho segue em nível técnico com o objetivo de tentar reduzir a distância entre as diferentes posições e criar as condições para um acordo unânime dos 19 membros da zona do euro", declarou à AFP o comissário de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici.
Esperançosas, as Bolsas europeias fecharam em alta: Frankfurt subiu 2,40%, enquanto Paris ganhou 1,75% e Londres 1,13%.
Em sua chegada a Bruxelas, Merkel afirmou que "o objetivo é manter a Grécia na Eurozona. Eu sempre abordo este tipo de coisa com a atitude se existe uma vontade, existe um caminho".
Uma posição compartilhada pelo presidente francês. "Trabalharemos, avançaremos e concluiremos", exortou.
O encontro entre Tsipras e Juncker, e as declarações de Moscovici marcam um aquecimento das relações entre a Grécia e a Comissão, que rejeitou esta manhã as mais recentes propostas de reformas apresentadas por Atenas.
Mas a irritação deu lugar à esperança nesta quarta-feira. "Estamos prontos para discutir o excedente orçamental superior a 0,75%", disse uma fonte do governo grego. "Buscamos um objetivo comum" sobre o tema, afirmou, acrescentando que "nada está concluído."
A Grécia espera a liberação de uma parcela de 7,2 bilhões de euros do FMI, UE e Banco Central Europeu (BCE), que em troca exigem um aumento do IVA para a energia elétrica e o fim dos subsídios aos aposentados, medidas que o governo de Atenas rejeita.
Sem esse novo empréstimo, o país está ameaçado de falência, com os cofres vazios, enquanto deve pagar cerca de 1,6 bilhões de euros para o FMI em 30 de junho, dia em que chegará ao fim seu plano de assistência financeira.
Neste contexto, o BCE se movimentou nesta quarta-feira, elevando de uma vez em 23 bilhões de euros o teto do seu financiamento de emergência (ELA) dos bancos gregos, elevando-o a 83 bilhões de euros.