Os preços dos alimentos da cesta básica continuam em declive devido ao alto nível de reservas, à queda dos preços do petróleo e à força do dólar, indica nesta quinta-feira (8) um relatório da Organização das Nações Unidos para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
"A maioria dos preços dos cereais e óleos vegetais seguem uma tendência constante de recessão", constatou a FAO, que tem sede em Roma.
O Índico de Preços dos Alimentos, que em agosto havia alcançado seu mínimo em seis anos (155,7 pontos) teve um pequeno aumento em setembro (156,3 pontos), o que marca, de qualquer forma, um retrocesso de 18,9% em comparação ao mesmo período do ano passado e engloba tendências contrastantes entre produtos e setores, alguns deles com muita volatilidade.
"Os cereais básicos são a base da tendência da baixa dos preços, como resultado de vários anos de abundantes colheitas no mundo todo, assim como o armazenamento, que fez as reservas alcançarem níveis recordes", afirmou a FAO.
Porém, dentro desse grupo há comportamentos diferentes.
"A trajetória dos preços nos últimos anos e a que podemos prever para o futuro não são iguais para todos os grupos de alimentos", diz o estudo, ao explicar que "os preços do arroz tendem a oscilar de forma independente dos outros cereais, enquanto que os do açúcar têm sido voláteis".
As carnes e os produtos lácteos "se ajustam à tendência geral, mas, em se tratando de bens mais perecíveis, pelo menos o fazem com certa defasagem de tempo", completa.
De qualquer forma, "a interpretação que segue é que, estatisticamente, as mudanças de comportamento mais recentes se oriundam de um impulso para a baixa dos preços com menor volatilidade", destacaram os especialistas em produtos básicos da FAO Adam Prakash e Friederike Greb.
O nível recorde de reservas preventivas de cereais estão sendo liberadas lentamente, e a FAO prevê que "a temporada 2016 feche em 638 milhões de toneladas, quatro milhões a menos em comparação aos níveis de abertura".
A produção mundial de cereais deveria baixar neste ano para a 2,534 bilhões de toneladas, seis milhões a menos que a previsão do mês passado e 0,9% abaixo do nível recorde de 2014.
Essa redução se explica principalmente pela "menor produção de milho nos Estados Unidos, onde os preços caíram pela metade desde julho de 2012".
Está previsto, no entanto, que a produção de pescado "aumentou 2,6% este ano, impulsionado pelo crescimento da aquicultura, que será quase o dobro desta taxa."