A francesa Renault assinou nesta segunda-feira um aguardado acordo com o Irã no valor de 779 milhões de dólares para fabricar até 300 mil carros por ano.
O novo negócio criado pelo acordo estabelece a Renault como parceira da estatal Organização do Desenvolvimento e Renovação Industrial (IDRO) e da privada Parto Negin Naseh, ambas empresas iranianas.
A Renault vai ser dona de 60% das ações da nova companhia, IDRO e Parto Negin Naseh terão 20% cada.
"A primeira fase desse acordo de 660 milhões de euros permite a fabricação anual de 150 mil carros", disse o diretor da IDRO Mansour Moazami, na cerimônia para celebrar o acordo, em Teerã.
Ele disse que os primeiros carros vão estar prontos para rodar em 18 meses.
O novo negócio vai produzir os modelos Duster e Symbol, da Renault, numa fábrica remodelada em Saveh, a cerca de 120 quilômetros de Teerã.
Uma segunda fase, com duração de três anos, vai ter início em 2019 e elevar o ritmo de produção para até 300 mil veículos ao ano.
Segundo o acordo, 30% desses carros e peças serão exportados.
"Estamos felizes de assinar um dos contratos mais históricos da Renault aqui", disse Thierry Bollore, número dois da fabricante francesa, na cerimônia.
"Na Renault, o Irã é conhecido por seu grande potencial automobilístico, sua infraestrutura da indústria automotiva, fortes recursos humanos e posição geopolítica única", completou.
Diferentemente de seu principal concorrente, a PSA, fabricante de Peugeots e Citroens, a Renault nunca abandonou completamente o Irã durante o período de sanções e já produz cerca de 200 mil veículos no país anualmente.
Mas ela precisou frear os planos de expansão até o Irã concluir o acordo nuclear com potências mundiais, afrouxando as sanções internacionais.
"A Renault provou seu compromisso com uma presença ininterrupta no Irã desde o começo de sua operação, em 2004, e esse acordo confirma nossas intenções e compromissos para operações a longo prazo, como um parceiro estratégico da indústria automotiva iraniana", afirmou Bollore.
"Esse é um acordo único em termos de investimento, transferência de tecnologia, desenvolvimento dos talentos iranianos e criação de um moderno centro de engenharia e produção", concluiu.
A produção de veículos no país deve alcançar 2 milhões de carros ao ano em 2020, ante 1,2 milhão em 2016.
Empresas francesas têm sido pioneiras na reconstrução de laços comerciais com o Irã desde o acordo nuclear. A gigante do setor energético Total assinou um acordo de 1 bilhão de dólares no mês passado, apesar das pressões americanas para isolar o país.