O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter seu apoio à economia pelo tempo que for necessário e reduziu sua estimativa de inflação para os próximos dois anos na zona do euro - anunciou seu presidente, Mario Draghi, em entrevista coletiva em Frankfurt, nesta quinta-feira (7).
A instituição optou por manter suas taxas de juros ao mínimo e confirmou seu programa de compra de dívidas.
Ainda segundo Draghi, o BCE "decidirá no outono (hemisfério norte)" a orientação de sua política monetária.
A instituição "levará em conta" as perspectivas de inflação, as quais permanecem abaixo de sua meta, e "vigiará" a evolução das taxas cambiais, cujas variações atuais são "uma fonte de incerteza", acrescentou o presidente do BCE.
"A volatilidade recente nas taxas de câmbio representam uma fonte de incertezas, que requerem monitoramento a respeito de suas possíveis implicações no cenário a médio prazo para a estabilidade dos preços", afirmou o italiano.
O instituto emissor de Frankfurt deixou inalteradas sua taxa diretriz (0%), sua taxa de empréstimo marginal (0,25%) e sua taxa de depósitos (-0,4%), anunciou um porta-voz, ao fim de sua reunião mensal de política monetária.
Após Draghi expressar abertamente sua preocupação com a força da moeda única, que está freando a inflação, enquanto os tomadores de decisões consideram reduzir as medidas de estímulo, a cotação do euro superou 1,20 dólar.
Nos Estados Unidos, Wall Street começou a sessão com leve alta, atenta às políticas monetárias do outro lado do Atlântico: o índice Dow Jones ganhava 0,07%, e o Nasdaq, 0,15%.
A Bolsa de Frankfurt acelerou sua alta, com o índice Dax passando de +0,8% para perto de +1%, pouco depois do comunicado do BCE.
Os juros estão em seu piso histórico desde março de 2016.
O programa maciço de compra de títulos públicos também continuará como está, mas o BCE se reserva a possibilidade de aumentar o volume dessas compras de dívida pública e privada - hoje, em cerca de 60 bilhões de euros por mês -, ou sua duração, se for preciso.
De acordo com Draghi, "provavelmente" o futuro desse programa será decidido em outubro.
Na mesma coletiva, o BCE demonstrou seu otimismo ao elevar para 2,2% sua previsão de crescimento da zona euro para 2017, contra o 1,9% anterior.
O organismo europeu também reduziu suas previsões de inflação nesse mesmo conjunto para o biênio 2018-2019.
O italiano mencionou "fatores globais e os desenvolvimentos no mercado mundial de câmbio" para justificar a revisão.
Nesses dois anos, o crescimento deve ser moderado, de 1,8% em 2018, e 1,7% em 2019, segundo Draghi, confirmando previsões anteriores do BCE.
Já os preços ao consumo vão aumentar 1,2% em 2018, e 1,5%, em 2019, valores 0,1 ponto abaixo do esperado até o momento.