Financiamento da economia solidária é desafio, apontam organizações

Foi dito que há a necessidade de implementação de um fundo com recursos públicos para financiar o trabalho das organizações
Agência Brasil
Publicado em 10/12/2012 às 15:17


Cerca de 600 representantes de organizações de economia solidária de todo o país estão reunidos para fazer um balanço sobre a área e discutir os desafios para os próximos anos. A 5ª Conferência Nacional da Economia Solidária ocorre em Luziânia (GO), cidade a cerca de 60 quilômetros da capital federal.

Um dos desafios apontados é o acesso ao financiamento para os empreendimentos econômicos solidários. A representante da Rede Universitária de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, do Ceará, Ana Dubeaux, aponta a necessidade de implementação de um fundo com recursos públicos para financiar o trabalho das organizações.

“De 2003 para cá, começamos a ter políticas públicas para a economia solidária, mas elas ainda são muito fracas. Não existe um fundo público que apoie o investimento nos empreendimentos que estão querendo se organizar em forma de trabalho associado que é fundamental para a economia solidária existir”, disse, acrescentando que as políticas públicas governamentais têm se destinado, principalmente a formação e ao mapeamento das atividades e não oferecem recursos suficientes para a aquisição de maquinário.

Ana Lourdes de Freitas, do Empreendimento Econômico Cultural Templo da Poesia, de Fortaleza (CE), também cita o desafio da sustentabilidade dos empreendimentos e a necessidade de uma lei federal que regulamente a atividade. A organização da qual Ana Lourdes faz parte busca sensibilizar o público para as artes e faz também apresentações pagas para custear as despesas do grupo. “Assim com as grandes empresas recebem investimentos para crescerem, acreditamos que também os empreendimentos da economia solidária precisam de investimento para que se expandam. Queremos produzir para que a comunidade local consuma”.

A conferência nacional ocorre a cada três anos e o momento de debates é também para tratar de avanços alcançados desde o último encontro. O crescente reconhecimento da economia solidária é apontado como um dos avanços por Ana Dubeaux. “Temos conseguido fazer com que haja um reconhecimento da economia solidária que começa a existir nas estatísticas, começa a ter políticas públicas voltadas para ela e um olhar da sociedade em geral”, disse.

O índio guarani Vanderley Martins, da Aldeia Jaguapireu, de Dourados (MS), veio para a conferência com outros 29 indígenas e conta que os índios estão entre os primeiros praticantes da economia solidária, já que sempre fizeram trocas. Ele coordena um grupo que produz artesanato e com os produtos também busca difundir a cultura indígena. A economia solidária é para eles uma importante fonte de geração de renda.

“Temos um banco comunitário na nossa cidade, o Banco Pire, que tem um valor em caixa. O empreendimento vai lá, faz o empréstimo e paga em parcelas com juros muito pequenos. Nosso grupo Guaté trabalha com artesanato, acessórios e junto com o artesanato vai uma embalagem que conta nossa história. Quando chegamos à comunidade com o resultado do nosso trabalho, é muito gratificante”, contou.

A 5ª Conferência Nacional da Economia Solidária começou no domingo (9) e vai até o dia 13 de dezembro com o tema Bem-Viver, Cooperação e Autogestão para o Desenvolvimento Justo e Sustentável. Uma das definições da economia solidária é a de uma atividade de geração de trabalho e renda com inclusão social. Compreende práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações e empresas autogestionárias.

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