Jim O'Neill, que cunhou o termo Bric em 2001 para se referir ao grupo das quatro principais potências emergentes da época (Brasil, Rússia, Índia e China), defendeu hoje a importâncias dessas economias no cenário global, apesar da desaceleração observada nos últimos anos. Mesmo assim, ele reconhece que o ritmo de expansão do Brasil e da Rússia, e em menor grau também o da Índia, decepcionou.
Em um artigo publicado no site do jornal britânico Financial Times, O'Neill diz que o crescimento dos Bric (ele não inclui no grupo a África do Sul) desacelerou fortemente na década atual. Entre 2011 e 2013, a China cresceu a uma média de 8,2% ao ano, ante um ritmo de 10,5% a.a. entre 2001 e 2010. No caso da Índia, o crescimento desacelerou para 4,6%, de 7,6%, na mesma base de comparação. Já no Brasil a expansão passou para 2%, de 3,6%, enquanto na Rússia o crescimento caiu para 3%, de 4,6%. "Todos cresceram menos, e em todos os casos há muitos motivos para se preocupar", diz.
Entretanto, o ex-banqueiro aponta que no fim de 2015 o PIB combinado dos quatro emergentes deve igualar em tamanho a economia dos EUA. "Em dólares, eles estão contribuindo para o crescimento da economia mundial nesta década três vezes mais do que os EUA", argumenta. "Assim, a ideia de que a importância dos Bric acabou não é realmente credível."
O'Neill reconhece que o crescimento do Brasil, Rússia e Índia nos últimos anos ficou abaixo das suas expectativas. "Eu de fato acredito que o Brasil e a Rússia estão passando por desafios que não estão sendo enfrentados, que em essência seria reduzir a dependência do ciclo das commodities e impulsionar a competitividade do setor privado." No caso indiano, ele se mostra mais otimista, especialmente após a eleição do primeiro-ministro Narendra Modi, e diz que o país ainda pode conseguir atingir um crescimento médio de 7,5% a.a. nesta década.
"Assim, a história econômica dos Brics está acabada? Eu acho que não, mesmo sem a importante decisão de criar um banco de desenvolvimento, cujas consequências ainda vamos conhecer", resume ele no final do artigo, citando o acordo firmado em julho para a implementação do chamado Banco dos Brics e a criação de um fundo de reservas de US$ 100 bilhões.