Apesar da alta do dólar, chance de exportar é perdida

São necessários pelo menos dois ou três anos de trabalho dedicados a esse canal de vendas para se beneficiar da valorização da moeda norte-americana
Da editoria de economia
Publicado em 04/08/2015 às 10:40
São necessários pelo menos dois ou três anos de trabalho dedicados a esse canal de vendas para se beneficiar da valorização da moeda norte-americana Foto: Foto: USP Imagens


Em geral, a outra face da alta do dólar é sorridente: com o real desvalorizado, quem exporta ganha mais. Porém, para aproveitar essa vantagem, a empresa não pode começar a investir quando a crise chega. Francisco Mendonça, da Fiepe, explica que são necessários pelo menos dois ou três anos de trabalho dedicados a esse canal de vendas para se beneficiar da valorização da moeda norte-americana.

O assunto foi abordado pelo JC recentemente. A matéria Hora de romper fronteiras, publicada no dia 26 do mês passado, mostrava que das 16 milhões de empresas brasileiras, somente 20 mil exportam e, dessas, 209 são pernambucanas. No Estado, o número tem caído: eram 290 no início dos anos 2000.

Para Mendonça, essa baixa internacionalização é um dos fatores que explicam a redução das vendas de Pernambuco para outros países no primeiro semestre deste ano. 

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Fatores externos também pesam, tanto na cotação do dólar, quanto nos resultados das exportações. O indicador de atividade industrial da China recuou de 49,4 para 47,8 em julho, em medição feita pela Caixin Media (antes HSBC) e divulgada pela Markit. Foi o menor nível em dois anos e o quinto mês seguido com resultado abaixo da marca de 50, o que sinaliza contração. 

No primeiro semestre deste ano, as vendas de Pernambuco para China caíram 63%. “A desaceleração chinesa afeta os preços de commodities e tem reflexo nos emergentes”, afirmao economista chefe do Banco de Tokyo-Mitsubishi, Carlos Pedroso. Das 24 principais moedas emergentes, apenas duas conseguiram fechar em alta em relação ao dólar na sessão de ontem. 

“Além do componente externo, a expectativa de um corte do selo de bom pagador do Brasil pelas agências de classificação de risco também pesou”, afirma o diretor de câmbio da TOV Corretora, Fernando Bergallo. “O mercado não vai ficar esperando o corte da nota para agir. Os investidores sentem os indícios e já se posicionam, comprando a moeda, mesmo que um eventual rebaixamento só ocorra no ano que vem”, diz. 

Apesar de antecipar o anúncio do rebaixamento, o dólar ainda não absorveu completamente o impacto do corte da nota, complementa o diretor da TOV. “O rebaixamento não foi precificado por inteiro. Se o corte de fato acontecer, o dólar chega a R$ 4. Mas enquanto isso não ocorre, o mercado vai reagindo às notícias que vão saindo”, ressalta.

Este ano, a moeda norte-americana já acumulou alta de quase 30%.

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