A alta do preço do botijão de gás pressionou a inflação da baixa renda em setembro. O reajuste de 15% concedido nas refinarias da Petrobras a partir do dia 1º de agosto chegou ao consumidor final com uma variação de 8,55% no mês passado, segundo o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Essa foi a principal pressão sobre o indicador em setembro, que variou 0,48% no mês passado, ante 0,06% em agosto.
Segundo o economista André Braz, coordenador do IPC-C1, o botijão de gás ainda vai pressionar a inflação neste mês, porque nem toda a alta foi repassada ao consumidor em setembro.
Além do botijão, se destacaram entre as principais influência no IPC-C1 de setembro o avanço das tarifas de ônibus urbano (de 0,55% para 0,76%) e de energia elétrica (de -0,83% para 0,53%). Os dois itens têm peso na cesta de produtos considerados no cálculo da inflação de baixa renda, ressaltou Braz.
Para outubro, a expectativa é que o indicador apresente variação semelhante à de setembro, de 0,50%, segundo o economista. Ele espera que o indicador feche o ano com taxa próxima a 1%.
A inflação de outubro ainda deve receber a influência do reajuste dos preços da gasolina e do óleo diesel, de 6% e 4%, respectivamente, concedido pela Petrobras no dia 29 de setembro. A alta de preços deve aparecer na cadeia produtiva, embutida no preço do frete, segundo Braz.
"Todos os itens da área de transporte rodoviário, principalmente, e que é consumido em grandes centros urbanos devem sofrer a influência da alta dos combustíveis automotivos", disse o economista da FGV.
Em contrapartida, a inflação do trigo e dos seus derivados deve desacelerar daqui para frente. Braz acredita que a "aceleração mais forte", em função da desvalorização do real frente ao dólar, já foi captada em meses anteriores. Por ser importado, o preço do trigo é influenciado pelo câmbio.