A agência de classificação de risco Standard & Poors afirmou nesta quarta-feira (4) que a prolongação da greve dos petroleiros pode impactar a nota de crédito da Petrobras, que foi rebaixada em setembro deste ano para grau especulativo.
No momento, diz a agência, não há impacto na avaliação da estatal. "A duração da greve e seu impacto na curva de produção ainda são incertos", afirmou, em nota distribuída ao mercado.
O texto ressalva, porém, que "caso se prolongue, a greve deverá aumentar os desafios da empresa para aumentar sua produção, materializar seu plano de desinvestimentos e desalavancar seu balanço, podendo impactar na nossa avaliação de perfil de crédito".
Em comunicado distribuído na terça (3), a Petrobras admitiu que a paralisação em plataformas vem provocando prejuízos à produção.
Segundo o texto, deixaram de ser produzidos na segunda (2) 273 mil barris de petróleo e 7,3 milhões de metros cúbicos de gás natural -o equivalente a 13% e 14% da produção nacional, respectivamente.
O prejuízo, por enquanto é pequeno, e não tem afetado o desempenho das ações da companhia, comenta o analista Flávio Conde, do site Whatscall.
"Agora, se a greve durar mais de duas semanas, afetando diariamente a produção, os investidores poderiam precificar os efeitos negativos", diz ele.
Nesta quarta, chegou a 47 o número de plataformas da Bacia de Campos com trabalhadores em greve, segundo balanço do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF).
A avaliação na companhia é que o confronto é de difícil solução, uma vez que a pauta de reivindicações é contra as medidas adotadas nos últimos meses para enfrentar a crise.
Em sua "Pauta pelo Brasil", a Federação Única dos Petroleiros (FUP) pede a readmissão de empregados que aderiram ao último plano de desligamento voluntário, a suspensão da venda de ativos e a retomada dos investimentos aos níveis de 2008 a 2013, antes da crise.
A FUP concentra 13 sindicatos de trabalhadores da estatal e se recusa a discutir reajuste salarial. A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) apoia a pauta política, mas já indicou que quer um reajuste de 18% -a Petrobras ofereceu 8,11%.
A estatal ainda não divulgou balanço da greve nesta quarta (4).
RAIO-X DA GREVE
ADESÃO
13 sindicatos ligados à FUP, filiado à CUT, e 5 da FNP
O QUE PEDEM
Reajuste de 18% segundo a FNP; revisão do plano de desinvestimentos, reposição de empregados por meio de concurso público, entre outros
O QUE A ESTATAL OFERECE
Reajuste de 8,11%; a companhia se nega a discutir propostas "políticas"
HISTÓRICO DE NEGOCIAÇÕES
Nos últimos 12 anos, a categoria teve ganho real acima da inflação