O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) revisou sua projeção para a retração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 para 3,6%, ante -3,3%, conforme era a estimativa antes de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar os dados sobre o terceiro trimestre. "Em meados de 2016, o PIB em quatro trimestres pode estar rodando em torno de retração de 4%", afirmou Silvia Matos, pesquisadora do Ibre/FGV e coordenadora do Boletim Macro Ibre, que divulgou nesta segunda-feira, 14, as projeções em seminário no Rio.
Para 2016, a instituição manteve a projeção de retração de 3,0%. "Se não tiver crescimento na margem, seria já uma retração de 2%", completou Silvia, referindo-se ao carregamento estatístico. Segundo a pesquisadora, as revisões deveram-se ao desempenho do setor de serviços. "É um setor que emprega muito", disse.
Além disso, a piora no desempenho do setor de serviços, em 2015 e para 2016, deve-se ao consumo das famílias. "O consumo das famílias cresceu 1,3% em 2014, mesmo com estagnação", lembrou Silvia. O Ibre/FGV projeta recuo de 3,7% no consumo das famílias este ano e retração de 3,6% em 2016.
Já para a inflação, o Ibre/FGV projeta IPCA de 2016 em 7,4%, ante os 10,5% esperados para este ano. Nas estimativas da entidade, os preços administrados, que fomentaram a inflação este ano, seguirão pressionando e variarão 8,5% em 2016.
Para Salomão Quadros, superintendente adjunto de Preços do Ibre/FGV, existe risco de novos reajustes na conta de luz. "Mesmo que a gente passe para a bandeira verde, o setor elétrico tem enormes passivos e há impacto cambial, já que a energia de Itaipu é dolarizada", disse Quadros.