Cenário político aumenta percepção de risco e juros futuros sobem

Denúncias na imprensa trouxeram agitação às mesas de negociação logo cedo, levando os investidores a um movimento de correção de posições "vendidas" em taxas de juros
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 15/03/2016 às 21:30
Denúncias na imprensa trouxeram agitação às mesas de negociação logo cedo, levando os investidores a um movimento de correção de posições "vendidas" em taxas de juros Foto: Foto: Marcos Santos USP Imagens


O mercado futuro de juros operou sob a regência do conturbado cenário político nesta terça-feira (15) e as taxas sofreram forte ajuste para cima, com expressiva inclinação da curva a termo. A expectativa de nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva como ministro, a homologação da delação premiada do senador Delcídio Amaral e seu impacto sobre Aloizio Mercadante foram as principais influências do dia.

Denúncias na imprensa trouxeram agitação às mesas de negociação logo cedo, levando os investidores a um movimento de correção de posições "vendidas" em taxas de juros. Isso porque, na semana passada, as taxas caíram em quatro dos cinco pregões, com os mercados precificando a saída da presidente Dilma Rousseff. As notícias antecipando o ingresso de Lula no time de ministros de Dilma, no entanto, trouxeram a percepção de que um processo de troca de governo pode ser mais lento que o esperado.

Mais que isso, os investidores avaliam que a chegada de Lula provavelmente representará uma "guinada à esquerda", que pode significar, entre outras medidas, um afrouxamento monetário antes do esperado. Por conta disso as taxas curtas operaram perto da estabilidade durante a maior parte do tempo, e os prêmios de risco foram transferidos para a ponta longa da curva de juros. 

Ao final dos negócios no horário regular da BM&F, o "spread" entre os contratos de DI com vencimento entre janeiro de 2018 e janeiro de 2021 estava em 78 pontos-base. No auge do otimismo, na semana passada, esse diferencial chegou a 40 pontos. 

Lula chegou nesta tarde a Brasília, onde terá reunião com a presidente Dilma Rousseff. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o governo aguardava a chegada de Lula para oficializar o ex-presidente como novo ministro-chefe da Secretaria de Governo, no lugar de Ricardo Berzoini.

Outro assunto que concentrou atenções foi a denúncia de que Aloizio Mercadante, atual ministro da Educação e ex-ministro da Casa Civil, teria oferecido ajuda financeira a Delcídio Amaral (PT-MS) para que o senador não fizesse a delação premiada. Após reunião com Dilma, Mercadante negou as acusações e justificou suas declarações pela sensibilização com a situação da família de Delcídio durante sua prisão. A repercussão do assunto fortalece as apostas na queda do governo Dilma, mas não influenciou os negócios na mesma proporção que o noticiário em torno de Lula.

Nos negócios na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2016 terminou o pregão regular em 14,070%, ante 14,065% do ajuste de ontem. O vencimento de janeiro de 2017 projetou 13,87%, ante 13,79% do ajuste anterior. O DI para janeiro de 2018 teve a taxa elevada de 13,62% para 13,82%. Na ponta mais longa da curva, o DI para janeiro de 2021 terminou em 14,60%, de 14,24%.

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