A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que investiga esquema de venda de sentenças no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) convocou hoje (15) os ex-conselheiros Adriana Oliveira e Ribeiro, Antônio Lisboa Cardoso e Evanice Canário da Silva, além de pessoas que atuavam na Receita Federal, como João Batista Gruginski, ex-auditor do órgão, e em escritórios de advocacia. Por falta de requerimentos, não foram convocados o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, e o presidente do grupo Gerdau, André Gerdau, também investigados.
Em bloco, outros mais de 15 requerimentos foram aprovados, incluindo os advogados Vladimir Spíndola e Camilo Spíndola, filhos da ex-assessora da Casa Civil Lytha Spíndola, investigados por lavagem de dinheiro pela Operação Zelotes, da Polícia Federal, acusados de terem recebido pagamento da empresa Marcondes e Mautoni (M&M) por serviços não prestados. Também foi aprovada a convocação do empresário Walter Faria, dono da Cervejaria Petropolis, e a transferência do sigilo das informações bancárias e fiscais do empresário para a CPI.
Os advogados Benedicto Celso Benício Júnior, Guilherme Macedo Soares, que foram denunciados por tráfico de influência, corrupção e lavagem de dinheiro também serão convocados para depor. A retirada da pauta dos pedidos para ouvir Trabuco e Gerdau foi resultado de um acordo no colegiado, que trabalha nas investigações desde fevereiro deste ano. Ainda assim, alguns integrantes do colegiado fizeram questão de declarar insatisfação com a decisão. Suplente na comissão, o deputado Ivan Valente (SP), líder do PSOL, acusou a CPI de blindar alguns nomes.
Foco
Luiz Trabuco é apontado pela Operação Zelotes, da Polícia Federal, por ter se reunido com integrantes do esquema de compra de decisões no Carf. Gerdau, suspeito de corrupção, comanda o grupo empresarial que fez diversas doações para campanhas políticas e é suspeito de ter sonegado R$ 1,5 bilhão a partir do pagamento de propina a alguns integrantes do Carf.
O deputado Ivan Valente alertou que a comissão precisa “focar” os trabalhos. “Estamos aprovando um congestionamento da CPI. Vamos selecionar meia dúzia, que são os advogados, os que foram ex-conselheiros, os que dirigiam a Receita e os empresários. Não podemos criar algo que não tenha foco”, sugeriu.