O fluxo financeiro positivo no mercado futuro sustentou um giro consistente de negócios e manteve o dólar em queda ante o real durante toda a sessão desta sexta-feira (8) de acordo com profissionais de câmbio. A firme valorização da moeda brasileira também se apoiou em expectativas de novos ingressos de recursos estrangeiros no País e numa "parada técnica" do Banco Central com leilões de swap cambial reverso.
Olhando para o exterior, o relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos, divulgado pela manhã, contribuiu ainda para o enfraquecimento do dólar, ao apontar uma melhora na economia dos Estados Unidos, mas insuficiente para acelerar substancialmente o cronograma para aumento das taxas de juros no curto prazo no país, avaliaram os analistas.
No período da tarde, a divisa norte-americana chegou a devolver metade da alta de 4,71% acumulada nas últimas cinco sessões, ao tocar na mínima intraday, de R$ 3,2832 (-2,34%) no balcão - menor valor observado numa sessão desde a mínima de R$ 3,2772 em 5 de julho passado. Até o final da sessão, o dólar se afastou ligeiramente da mínima e fechou aos R$ 3,2966, em queda de 1,94%. Em julho, a divisa acumula ganho de 2,68%. De acordo com a clearing da BM&FBovespa, o giro financeiro totalizou US$ 1,104 bilhão, volume considerado elevado, principalmente para uma sexta-feira.
"O que se percebe é que há um fluxo financeiro no mercado de derivativos cambiais", disse o gerente de tesouraria do Banco da China no Brasil, Jayro Rezende, ao citar venda de dólar futuro, cupom cambial, e redução de posição comprada. Essa movimentação amparou um bom volume de negócios. No mercado futuro, o contrato de dólar para agosto encerrou em baixa de 2,15%, aos R$ 3,3185, com volume total negociado de cerca de US$ 16,319 bilhões. Já a taxa do FRA de cupom cambial de setembro recuava aos 2,30%, de 2,35% no fechamento de quinta-feira.
O mercado também aproveitou a ausência de atuação do Banco Central, após cinco sessões consecutivas de leilões de swap cambial reverso, para realizar lucros. O diretor da Correparti, Jefferson Rugik, disse que o movimento refletiu também expectativas de ingresso de fluxo cambial derivado de captações corporativas. Petrobras (US$ 3 bilhões) e Suzano (US$ 500 milhões) emitiram bônus nesta semana no exterior, em meio à melhora recente do risco país e a possibilidade de outras empresas irem também ao mercado externo, apontou um operador de câmbio.
Mais cedo, a moeda até reduziu perdas em reação à sinalização do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, de que o BC fez hoje "uma parada técnica para avaliar as condições do mercado", referindo-se a não realização de leilão de swap reverso nesta sexta-feira.