O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje (3) que a economia brasileira tem mostrado claros sinais de recuperação nos últimos meses, ao comentar as projeções do mercado financeiro que estimam um crescimento entre 0,5% e 2% da economia nacional em 2017, apesar da queda de até 3% esperada para este ano. Segundo Meirelles, a previsão do governo para o ano que vem é de alta de 1,2%.
O ministro citou a recuperação da atividade industrial, que alcançou a sexta alta seguida em junho, com crescimento de 2,1% e a retomada do nível de confiança na economia para justificar seu otimismo. Segundo ele, a crise que país atravessa por causa da queda de confiança dos investidores no longo prazo está sendo revertida com as medidas tomadas pelo governo interino.
“Nos últimos meses, tivemos a consolidação da recuperação da atividade industrial. Apesar de o indicador estar em queda em relação ao ano passado, está em franca recuperação”, comparou Meireilles durante evento do Bradesco no Rio.
O governo, segundo ministro, espera uma retomada do consumo para compensar perdas na arrecadação na última década e considera não aumentar impostos.
“Basta parar essa queda, com a recuperação da atividade e da confiança, e basta subir um pouquinho a arrecadação tributária, além de um crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] maior do que se previa, certamente poderemos ter uma recuperação tributária que não torne necessário um aumento de imposto”, disse. No entanto, Meirelles diz que precisa de um mês para bater o martelo sobre o assunto.
À plateia de investidores e políticos, o ministro da Fazenda também fez apostas para o mercado de trabalho e disse que o novo cenário da economia alavancará a geração de empregos. Segundo ele, há 10 milhões de pessoas buscando vagas no país.
Meirelles voltou a defender a proposta de emenda à Constituição PEC) que limita os gastos públicos para as despesas primárias nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário à variação da inflação do ano anterior. Segundo ele, as despesas de governos têm crescido muito acima desse limite, em descompasso com a arrecadação.
Na tramitação do projeto na Câmara, de acordo com o ministro da Fazenda, o governo federal não abrirá mão da fixação de um teto de gastos para estados e municípios, nos mesmos moldes da União, em troca do projeto de renegociação de dívidas. A questão dos salários e reajustes de servidores, que gerou polêmica, não entrará em discussão da medida.
“As despesas públicas no Brasil têm crescido muito acima da inflação no Brasil. Apenas de 2007 e 2015, as despesas públicas federais cresceram 50 acima da inflação, portanto, para equilibrar a eufonia brasileira para o país voltar a crescer, é importante que estabelecemos esse controle. Aí, as consequências serão [primeiro] a queda das despesas em relação ao PIB; segundo, uma trajetória menor de crescimento da dividia [pública] e até queda; e terceiro, a taxa de juros pode começar a cair à medida que cai o risco fiscal e inflacionário.”
Em relação à Olimpíada Rio 2016, Meirelles confirmou que não haverá novos aportes ao estado nem à cidade do Rio de Janeiro. “A ajuda adicional já foi discutida, já foi aprovada e entregue”, disse, lembrando a liberação de R$ 2,9 bilhões ao estado e mais um empréstimo à prefeitura, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).