O dólar fechou em alta frente ao real pela quinta sessão consecutiva, em um dia marcado pela expectativa por sinais do Federal Reserve sobre o futuro da política monetária dos Estados Unidos.
O tom "dovish" do Fed reduziu as apostas de elevação de juros no curto prazo e amenizou em boa parte a pressão de alta da moeda americana sobre a brasileira. No entanto, não evitou que o dólar à vista chegasse ao final desta quarta-feira (17) aos R$ 3,2053 (+0,35%), refletindo a insegurança dos investidores com as incertezas que persistem nos cenários interno e externo.
A expectativa pela divulgação da ata do Fed manteve o dólar fortalecido frente a moedas de países desenvolvidos e emergentes desde o início do dia. Isso porque, na véspera, dois dirigentes regionais do BC americano haviam sinalizado para a possibilidade de aumento de juros nos Estados Unidos já na reunião de política monetária de setembro.
Os comentários de William Dudley, presidente do Fed de Nova York, e de Dennis Lockhart, do Fed de Atlanta, incentivaram o aumento de posições compradas em dólar em todo o mundo. Na máxima registrada nesta quarta, pela manhã, o dólar à vista chegou aos R$ 3,2335 (+1,24%).
A ata, no entanto, não endossou as apostas em aumento de juros no curto prazo. O documento, admitiu que alguns dirigentes veem nova alta nos juros em breve como apropriada. No entanto, houve consenso geral para aguardar mais dados antes de mudar a taxa de juros.
A ata afirma ainda que vários dos dirigentes preferiram aguardar por mais sinais, para ficarem mais confiantes sobre a trajetória da inflação nos Estados Unidos. Os dirigentes viram ainda o sistema financeiro do país como resiliente ao voto do Reino Unido para sair da União Europeia, mas apontaram incertezas em relação ao Brexit.
Apesar de ter perdido força perante praticamente todas as moedas, os investidores optaram por manter a cautela e o dólar manteve o viés de alta em relação a algumas delas.
A cautela também se manteve no que diz respeito ao cenário nacional, principalmente em relação ao ajuste fiscal. Segundo profissionais do mercado, permanece o desconforto com dificuldades do governo em avançar em medidas consideradas importantes, o que vem dando sustentação ao dólar.
Em cinco sessões de alta, o dólar acumula valorização de 2,42% frente ao real. A sequência de ganhos teve início na última quinta-feira, dia 11, quando o Banco Central elevou em 50% a oferta de contratos de swap cambial reverso, uma vez que o dólar já testava o suporte dos R$ 3,13.
Nos leilões, o BC passou a ofertar 15 mil contratos ao mercado, equivalentes a US$ 750 milhões. Segundo profissionais do mercado, a medida tem surtido efeito nas cotações, não apenas pelo que representa em volume de recursos, mas também pela sinalização de que o BC está atento às oscilações da moeda americana.