A Bovespa recuperou nesta segunda-feira (12) parte das fortes perdas da última sexta-feira e avançou 1,01%, aos 58 586,11 pontos. A principal justificativa para a melhora foi o discurso "dovish" (suave) da diretora do Federal Reserve Lael Brainard, que se contrapôs a declarações recentes de outros dirigentes do BC americano. Na sexta-feira, o índice havia caído 3,71% com o discurso duro do presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren.
Brainard é conhecida por sua postura "dovish" e a tensão em torno de seu discurso era justamente o temor de que ela adotasse um viés diferente do habitual - em favor da elevação de juros, como fez Rosengren. Mas ela confirmou o tom suave e defendeu "prudência na retirada da política acomodatícia". Como o impacto sobre a inflação de uma melhoria no mercado de trabalho deve ser moderado e gradual, "o argumento para apertar a política de maneira preventiva é menos convincente", afirmou Brainard em discurso no Chicago Council on Global Affairs.
Os preços do petróleo se mantiveram em alta, assim como as ações da Petrobras. Os papéis da estatal brasileira também refletiram a informação de que a empresa apresentará o novo plano estratégico e o plano de negócios e gestão 2017-2021 ao conselho de administração no próximo dia 21. A informação, oficializada hoje, já havia sido dada pelo presidente da companhia, Pedro Parente, em entrevista exclusiva ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, na última sexta-feira. Ao final dos negócios, Petrobras ON e PN tiveram altas de 3,42% (a R$ 16,03) e de 3,26% (a R$ 13,95), respectivamente. Com o mercado de aço chinês fechado, as ações da Vale subiram 3,74% (ON) e 2,48% (PNA), influenciadas pela melhora na recomendação feita pelo JP Morgan.
O cenário político brasileiro foi acompanhado de perto, mas não chegou a fazer preço na bolsa. Em análise publicada hoje, a consultoria de risco política Eurasia previu que o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) será cassado e a possibilidade de o ex-presidente da Câmara negociar uma delação premiada com os investigadores da Operação Lava Jato representa um "grande risco" para o governo de Michel Temer. No entanto, a consultoria considera esse risco como "gerenciável".