Trabalhadores que aderiram à paralisação nacional contra reformas propostas pelo governo do presidente Michel Temer protestaram nesta quinta-feira (22) em frente à Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), no Recife. Entre as categorias que pararam no estado estão os professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da rede estadual. O funcionalismo municipal do Recife e de cidades como Petrolina, Buíque, Vitória, Sao Bento do Una, Escada e Palmares também registrou paralisações.
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Na capital pernambucana, o ato foi organizado por centrais sindicais e teve a participação de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Durante a manifestação, o grupo gritou palavras de ordem de “Fora Temer”.
O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras, disse que a paralisação é um protesto contra a retirada de direitos. “A reforma da Previdência, que aumenta a idade mínima de aposentadoria; a reforma trabalhista, com a prevalência do negociado sobre o legislado, que rasga a CLT; a terceirização; a PEC [Proposta de Emenda à Constituição] 241, que congela salários de servidores e limita gastos públicos em saúde e educação. Contra o fim de programas sociais, a privatização das universidades federais”, listou.
Segundo Veras, a paralisação de hoje é uma etapa de uma possível greve geral. “Estamos trabalhando, as centrais unificadas, para iniciar a greve no fim de novembro”, adiantou.
A integrante da direção de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe) Magna Katariny disse que a adesão da categoria foi decidida depois de uma consulta feita no fim de agosto. “Noventa e dois por cento dos votos foram a favor de realizar a atividade e fazer uma greve geral. Hoje a gente considera um esquenta para a greve.”
A Secretaria Estadual de Educação informou 23% das unidades de ensino tiveram suas atividades paralisadas pelo movimento. O percentual se refere a aulas do período da manhã.
A adesão dos professores da UFPE também foi decidida em assembleia. Em nota, a Associação dos Docentes da universidade, Adufepe, informou que a paralisação é o primeiro passo para uma série de mobilizações contra as reformas do governo Temer. Na assembleia, os funcionários aprovaram estado de greve e marcaram uma nova paralisação para o dia 29 de setembro.
Gerdau
No setor privado, os trabalhadores da Gerdau em Pernambuco também fizeram uma paralisação durante a manhã. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), Henrique Gomes, nenhum veículo entrou ou saiu do local para realizar entregas durante a paralisação. Além de serem contrários ao que consideram perda de direitos com as eventuais reformas previdenciária e trabalhista, os funcionários da companhia protestaram por reajuste salarial.
“A Gerdau não paga o reajuste desde o ano passado. Esse ano também. Fechamos acordo com o sindicato patronal, que representa 20 empresas de metalurgia em Pernambuco, para receber 9,62% de aumento. A Gerdau afirma que não vai pagar por causa da crise”, disse o sindicalista.
No próximo dia 29, os trabalhadores da Gerdau em Pernambuco vão se juntar à paralisação nacional de metalúrgicos, segundo Gomes. A categoria reúne cerca de 40 mil pessoas no estado.
Bloqueio de via
O primeiro ato do dia de paralisação ocorreu por volta de 8h, na Avenida Sul, bairro de Afogados, zona oeste do Recife. Integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) interditaram a via com pneus, galhos e fogo. A manifestação foi encerrada por volta de 10h. De acordo com os organizadores do protesto, cerca de 300 manifestantes participaram do ato. A Polícia Militar de Pernambuco, que negociou a liberação da via, não divulgou estimativa de participantes.