O "pente-fino" que o Ministério da Agricultura está fazendo nos 21 frigoríficos alvos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, já resultou na interdição de cinco deles. O número pode crescer, já que as auditorias só deverão ser concluídas em duas semanas. Esse dado deverá constar de um balanço que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, pretende apresentar nesta segunda-feira (27)
Além das três plantas fechadas após a operação - duas da Peccin (no Paraná e em Santa Catarina) e uma da BRF em Mineiros (GO) -, os fiscais interditaram unidades da Souza Ramos e da Transmeat, no Paraná, onde foram detectados problemas na matéria-prima e no produto final. Os produtos dessas unidades da Souza Ramos, Transmeat e Peccin são objeto de recall anunciado pela Secretaria do Consumidor do Ministério da Justiça na sexta-feira. A unidade da BRF produz para o mercado externo.
Na frente das exportações, a prioridade do governo passou a ser o destravamento das exportações para Hong Kong, o segundo maior mercado para carnes e derivados do País, com compras de US$ 1,5 bilhão em 2016. O ministro confia que as vendas serão reabertas em breve.
Hong Kong é um entreposto comercial e muito de suas importações têm como destino a China. Como esta reabriu seu mercado no sábado, a avaliação é que Hong Kong fará o mesmo. Inclusive porque os empresários locais que operam as vendas para a China começarão a pressionar pela retomada das compras do produto brasileiro.
Na terça-feira, 28, Maggi deverá reunir-se com o comissário europeu para Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis. A União Europeia suspendeu as compras de carne e derivados apenas das 21 plantas sob investigação. As exportações dessas unidades estão suspensas por decisão do governo brasileiro.
Nesta segunda-feira, 27, Maggi também se reúne com os 27 superintendentes do Ministério nos Estados. A operação mostrou que o esquema de corrupção para manter funcionando frigoríficos que não atendiam exigências sanitárias passava pelos superintendentes. Maggi quer saber de cada um se há disputas políticas que estejam prejudicando o funcionamento da fiscalização. Paraná e Goiás, onde o esquema investigado pela PF operava, ficarão sob intervenção. Pelo menos 19 superintendentes são indicações políticas. Decreto assinado pela ex-presidente Dilma Rousseff estabelece cronograma para que esses cargos passem a ser ocupados por fiscais de carreira.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.