O suplemento Aspectos das Relações de Trabalho e Sindicalização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, divulgado na última quarta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o Nordeste é a região do País com mais trabalhadores insatisfeitos com seu nível de salário e complementos/gratificações salariais - 14,8% dos 51,7 milhões de avaliados. No Sul, região com menos trabalhadores insatisfeitos, este percentual é de 8,3%.
O indicador é um dos oito questionamentos feitos para os trabalhadores domésticos e do setor privado sobre o seu grau de satisfação com os aspectos das relações de trabalho ligadas ao conceito de Trabalho Decente, que, segundo o IBGE, “se aplica para expressar a promoção das normas internacionais do trabalho, a geração de empregos produtivos e de qualidade para homens e mulheres, a extensão da proteção social e a promoção do diálogo social tripartido (ou seja, envolvendo trabalhador, empregador e governo)”.
“O suplemento amplia sensivelmente o conhecimento sobre o Trabalho Decente no País. É importante ressaltar que a análise conjunta desses indicadores à luz daqueles já divulgados sobre trabalho e rendimento com base na Pnad vai fornecer importantes subsídios para a elaboração de políticas baseadas nos objetivos estratégicos do conceito de Trabalho Decente”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Do total de entrevistados, 58,6% afirmaram não receber auxílio-alimentação. Neste ponto, o Nordeste aparece como a região onde menos trabalhadores recebem o benefício (32,4%). O Sudeste, por sua vez, está no topo da lista, com 48,8% dos avaliados ganhando o auxílio. No Sul, 70,5% dos que recebem o benefício disseram que estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o valor ofertado. No Nordeste, este percentual é de 61,7%.
A pesquisa - realizada pelo IBGE com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) - mostra que 43,8 milhões (85,2%) de empregados possuíam flexibilidade de horário de trabalho, fator importante para que o trabalhador possa conciliar o serviço com a vida pessoal e estudos, por exemplo. Entre os avaliados do Nordeste que dispunham desta flexibilização, 73,4% disseram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com ela.
Ao serem questionados sobre o processo de capacitação profissional nas empresas, 32,2 milhões de trabalhadores (62,7%) afirmaram ter acesso à iniciativa. “Nas regiões Sudeste (71,0%), Centro-Oeste (71,7%) e Sul (75,1%), esses percentuais ultrapassaram 70%, enquanto nas Regiões Norte (64,2%) e Nordeste (64,7%) foram observados valores inferiores”, diz o estudo.
Ao avaliar a promoção de igualdade de oportunidade e de tratamento no ambiente de trabalho, o IBGE levou em conta o sexo, a cor ou raça, a idade, a existência de deficiência, a orientação sexual e outras características dos trabalhadores. Considerando os que se declararam satisfeitos ou muito satisfeitos com esse indicador, os entrevistados da Região Nordeste foram os menos numerosos (66,4%) e os do Centro-Oeste os mais numerosos (74,7%).
Sobre a salubridade e a segurança no ambiente de trabalho, 71,1% dos entrevistados se declararam satisfeitos ou muito satisfeitos. Destes, mais uma vez, os consultados do Nordeste ficaram em último lugar (61,7%). O resultado é o mesmo quando se levantam os dados referentes aos benefícios sociais complementares, que, segundo a pesquisa, foram oferecidos a 25,2 milhões (49%) dos avaliados. No Nordeste, 38,4% dos trabalhadores tiveram acesso a tais benefícios, contra 53,2% do Sul, 53% do Sudeste, 47,9% do Centro-Oeste e 44,2% da região Norte.
De acordo com os dados do IBGE, 9,8 milhões (18,9%) dos empregados foram contratados através de intermediário, seja ele pessoa ou empresa. Este tipo de contratação, diz o instituto, não é o mesmo que terceirização e ocorre de forma mais frequente no Norte e no Nordeste. A pesquisa aponta que aproximadamente um quinto dos trabalhadores desta região foram formalizados desta forma.