As fortes quedas do petróleo e do minério de ferro se somaram aos receios com o andamento da reforma da Previdência e ajudaram o dólar a fechar em alta ante o real. Mesmo com a vitória firme da base governista da comissão especial da reforma na Câmara na noite dessa quarta-feira (3), alguns atrasos no cronograma e a percepção de que ainda assim será difícil para o governo conseguir os votos necessários no plenário mantêm os investidores cautelosos.
O dólar à vista no balcão terminou em alta de 0,78%, a R$ 3,1830, após oscilar entre a mínima de R$ 3,1710 (+0,40%) e a máxima de R$ 3,1952 (+1,17%). O giro registrado na clearing de câmbio da B3 foi de US$ 1,219 bilhão. No mercado futuro, o dólar para junho subia 0,58% por volta das 17h15, a R$ 3,2055. O volume de negócios somava US$ 15,692 bilhões. No exterior, o dólar subia forte e de forma generalizada ante as moedas emergentes e de países exportadores de commodities, com destaque para os ganhos frente ao rublo russo (+1,83%), o rand sul-africano (+1,51%) e o peso colombiano (+1,93%).
O petróleo WTI para junho fechou em queda de 4,80% nesta quinta-feira (4), a US$ 42,52 o barril, o menor nível desde 29 de novembro. Já o minério de ferro caiu 5,07% no mercado à vista chinês, a US$ 65,20 a tonelada. Operadores apontam que não há um motivo claro para a forte queda dessas commodities industriais hoje, mas a aversão ao risco vem crescendo nos últimos dias, alguns indicadores econômicos na China têm decepcionado e o petróleo também sofre com especulações sobre os próximos passos da Opep.
No cenário doméstico, o governo conseguiu aprovar a reforma da Previdência nessa quarta na comissão especial da Câmara por 23 a 14 votos. Bastava uma maioria simples, mas o governo queria mostrar força e conseguir os 3/5 que são necessários para aprovar a proposta de emenda constitucional (PEC) no plenário. Ainda que tenha obtido esse número, a votação dos destaques ficou para a próxima semana e, no Senado, o líder do PMDB, Renan Calheiros, tem conseguido causar transtornos. Ele manobrou para fazer a reforma trabalhista passar por mais duas comissões e, assim, atrasar por tabela também as mudanças previdenciárias. Fontes afirmam que a ideia do governo é avançar com a reforma da Previdência apenas após a conclusão da trabalhista.