Gustavo Franco diz que BB seria estatal 'pronta' para ser vendida

Franco disse ainda, que, vendido o Banco do Brasil, a Caixa Econômica deveria se tornar empresa de capital aberto para 'melhorar governança'
Estadão Conteúdo
Publicado em 25/09/2017 às 23:21
Franco disse ainda, que, vendido o Banco do Brasil, a Caixa Econômica deveria se tornar empresa de capital aberto para 'melhorar governança' Foto: Foto: reprodução/Youtube


O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco avalia que a crise na Petrobras abriu uma "janela" para a retomada das privatizações no País, e que o Banco do Brasil seria a estatal no momento "pronta" para a venda. Gustavo Franco participou nesta segunda-feira, 25, a lado do ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, de seminário para empresários em Belo Horizonte.

"Depois desse episódio (corrupção na Petrobras), é muito fácil entender que uma empresa estatal é vulnerável à captura por políticos corruptos. Não há assunto de liberalismo nisso. Há assunto de código penal", afirmou.

"Pessoalmente, acho que o Banco do Brasil está pronto (para ser vendido)". O ex-presidente do BC disse, no entanto, que o BB "não pode e não deve ser comprado pelo Itaú nem pelo Bradesco", afirmou, se referindo aos maiores bancos privados do País.

Franco disse ainda, que, vendido o BB, a Caixa Econômica Federal deveria se tornar empresa de capital aberto para "melhorar governança".

Gustavo Franco afirmou haver outras possibilidades de saída para a crise econômica que não o aumento de impostos. "Tem o caminho de equilíbrio de contas pelo lado das despesas. É o caminho politicamente mais difícil. Tradicionalmente, o Parlamento se esconde embaixo da mesa e quer que o Poder Executivo proponha (o aumento) que eles contrariamente acabam concordando para não terem que sacrificar gastos de interesses mais caracteristicamente políticos."

Trancos e barrancos

O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, por sua vez, fez uma análise da situação econômica no Brasil e afirmou que o País, "aos trancos e barrancos", vai equacionar seus problemas. Ele afirmou que "o fato de os juros terem declinado de 14,25% para 8,25%, e de que vão chegar mais baixo que isso no final do ano, início do ano que vem, é sinal de ancoragem da expectativa quanto ao custo dos preços".

"A sociedade brasileira acha, de maneira crível, que nós vamos ter taxas civilizadas de inflação. O sistema de metas tem funcionado e o Banco Central demonstra credibilidade", avaliou. Malan acredita que, com o cenário atual, a inflação seguirá baixa em 2018, 2019 e 2020. Porém, não arriscou os porcentuais. "São os que estão no mercado", disse.

Malan afirmou ainda que a situação externa é favorável. "Temos entre U$ 60 bilhões e U$ 70 bilhões ingressando no Brasil em investimento direto, apesar das incertezas. O que quer dizer isso? Que estão olhando a médio e longo prazo que o Brasil, à nossa maneira, aos nossos trancos e barrancos, vai conseguir equacionar seus problemas."

O ex-ministro disse que as turbulências vividas pelo Brasil são originadas por posicionamentos adotados dentro do próprio País. Conforme Malan, foram tomadas "decisões equivocadas na área macro, na Petrobras, no setor elétrico". "Decisões que têm custo monumental. A conta chegou. De 2014, 2015 para cá, temos que lidar com ela."

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