No entanto, a aplicação mensal na previdência oficial é necessária não apenas para ficar coberto por benefícios como auxílio-doença e auxílio- maternidade, mas também para reaver os aportes feitos compulsoriamente por empregados e empresas, uma vez que quem é contratado dentro da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) obrigatoriamente tem que contribuir, assim como seu empregador.
Neste sistema, até um terço do valor da remuneração mensal (sendo até 12% descontados do salário e 20% bancados pela empresa) vão para a Previdência Social, arrecadados via Receita Federal. Como a Previdência funciona no “Regime de Solidariedade”, essa contribuição mantém os benefícios pagos hoje – com exceção dos aposentados por trabalho rural, cujos recursos vêm dos cofres do governo federal, porque eles não contribuem quando estão na ativa. Isso significa que, para cada aposentado que recebe salário do INSS, é preciso cerca de três contribuintes. Com a taxa de natalidade caindo e a de longevidade aumentando, essa é uma equação que vai dar trabalho para fechar no futuro.
No entanto, o superintendente regional do INSS, João Maria Lopes, garante que é um investimento seguro. Ele afirma que as dificuldades que o INSS tem em fechar as contas não estão nas aposentadorias do trabalhador urbano, cujas contribuições cobrem os benefícios pagos a quem já alcançou a idade, mas sim nas rurais. “Não há arrecadação suficiente para pagar esses benefícios, por isso o governo tira isso do seu orçamento.” Ele comenta que, chegando-se a uma situação grave ao ponto de não haver contribuintes o suficiente para pagar as aposentadorias dos trabalhadores urbanos, o governo criará uma receita. “Esse pagamento é garantido”, assegura.
Leandro Lima diz que vários fatores influem na escolha. Foto: Igo Bione/JC Imagem
MAIS OPÇÕES - As restrições da aposentadoria via INSS abrem um terreno fértil para o crescimento da previdência privada como complemento à oficial. Não por acaso, a modalidade atrai cada vez mais aportes no País. Mas ela também tem suas limitações, como taxas altas e índices de rendimento moderado. Por isso, especialistas em investimentos e finanças pessoais recomendam outras alternativas, como fez o médico Paulo Saunders, para garantir uma renda razoável nos anos da vida que requerem menos esforço laboral.
O consultor Leandro de Lima, da Finacap, lembra que a análise deve levar em conta diversos parâmetros: a idade da pessoa, quando pensa em se aposentar, a incidência de Imposto de Renda de Pessoa Física, quanto quer ganhar, se quer gastar tudo só para si ou se quer deixar parte para os filhos e outros dependentes. Com a previdência privada, por exemplo, a questão da transferência é resolvida automaticamente, enquanto em outros investimentos será necessário todo um processo sucessório, que pode levar meses ou anos.
Entre as opções disponíveis no mercado, ele cita as NTN, debêntures, fundos imobiliários, cotas de fundos atreladas a bolsas internacionais, entre outros. “É importante reinvestir os ganhos nessas aplicações”, pontua. Ele lembra que o perfil do investidor também pesa na decisão, uma vez que quem quer acompanhar os investimentos mais de perto tem condições de ter rendimentos melhores. “Ser mais atuante na escolha desses ativos sem dúvida tem um peso maior quando se faz isso por conta própria”, comenta.
Sócio-diretor da Geração Futuro, Eduardo Moreira acrescenta que a análise da rentabilidade deve levar em conta aplicações cuja rentabilidade superem a inflação oficial para manter o poder de compra. Outro ponto é a liquidez. Na visão dele, aportes que visam muitos anos à frente também devem considerar imprevistos e, por isso, dar margem para serem resgatados. “A volatilidade é grande e estamos sujeitos a crises. Por isso, eu invisto no longo prazo, mas preparado para grandes oportunidades que possam surgir no curto prazo”, conta Eduardo, que tem 39 anos e não aplica em previdência privada.
Moreira lembra ainda que o volume dos investimentos devem ser crescentes, porém não é necessário ter um grande fluxo para começar. Segundo ele, há opções a partir de R$ 100 e de R$ 1 mil, que já configuram um ótimo começo, como NTNs. Para valores mais altos, ele inclui entre as alternativas os fundos de crédito privado, que basicamente emprestam dinheiro a empresas e, embora tenham juros menores, têm prazos mais longos, aumentando a segurança para rentabilidade por anos a fio.