Os juros futuros fecharam a sessão regular desta sexta-feira (14) em queda, após baterem mínimas na última hora em sintonia com o maior alívio do câmbio. O dólar, que começou a tarde na casa dos R$ 4,18, já caía para o nível de R$ 4,16 perto das 16h, também registrando as mínimas do dia. As taxas dos contratos de longo prazo tiveram recuo mais firme, enquanto as curtas ficaram mais perto dos ajustes, com viés de baixa, o que reduziu o nível de inclinação da curva a termo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 fechou na mínima de 6,870%, de 6,871% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2020 caiu de 8,667% para 8,64%. A taxa do DI para janeiro de 2021 encerrou em 9,92%, de 10,006% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2023 recuou de 11,745% para 11,62% e a do DI para janeiro de 2025, de 12,504% para 12,38%.
Vitor Carvalho, sócio-gestor da LAIC-HFM, atribui o movimento de hoje a uma correção do avanço das taxas ontem, a partir de fatores técnicos, mas as incertezas do quadro eleitoral limitam uma consolidação da queda. "Há um alívio pontual, mas em termos de percepção de risco nada muda. O tom ainda é de cautela, com o mercado totalmente voltado à questão política", disse. Além do estado de saúde do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, ainda ser delicado, o investidor também evita grandes posições antes de conhecer a pesquisa Datafolha, que sai esta noite, a primeira depois que Fernando Haddad assumiu a cabeça de chapa do PT na corrida presidencial.
Já a pesquisa Ibope, sobre a corrida presidencial no Rio Grande do Sul, divulgada nesta sexta, mostrou que Bolsonaro chegou a 29% das intenções de voto, de 26% antes do ataque em Juiz de Fora (MG). O segundo lugar ficou embolado entre quatro candidaturas: Fernando Haddad (PT), que passou de 9% para 11% das preferências; Ciro Gomes (PDT), que oscilou de 9% para 10%; Geraldo Alckmin, que cresceu de 6% para 10%; e Marina Silva, que manteve os 8% do último levantamento. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código BR-03069/2018
Outros profissionais veem a desinclinação da curva nesta sexta-feira mais relacionada à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana. Ainda que boa parte do mercado aposte na manutenção da Selic estável em 6,50%, alguns analistas veem possibilidade um recado mais duro no comunicado, já como sinalização para os próximos meses, em função do câmbio depreciado e dos riscos políticos. "A curva está muito inclinada e ao primeiro sinal de que BC pode ser 'hawk' (conservador) ela reage", disse um gestor.
Às 16h35, o dólar à vista caía 0,80%, aos R$ 4,1664, e, nas ações, o Ibovespa subia 0,95%, com 75.395,62 pontos.