Produtores de leite pedem fiscalização do uso de leite em pó pelas indústrias

Pecuaristas reclamam que a concorrência derrubou os preços no mercado
Da editoria de economia
Publicado em 27/08/2014 às 9:00
Pecuaristas reclamam que a concorrência derrubou os preços no mercado Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


Os produtores da bacia leiteira de Pernambuco continuam sofrendo com a seca, com o atraso nas vendas de milho para alimentar o rebanho e com o preço pago pelo produto aos pecuaristas. A expectativa dos produtores era que a revogação da portaria do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa), permitindo a reintegração de leite em pó pelas indústrias, puxasse os preços para cima em função do crescimento da demanda. Mas o litro continua na casa dos R$ 0,90.

“A questão é que não adianta revogar a portaria se não tiver fiscalização do Ministério da Agricultura e da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro). Nossa aposta era que o preço pago ao produtor saltasse dos atuais R$ 0,90 para algo entre R$ 1,20 e R$ 1,30. O produtor recebe menos e isso não se reflete na prateleira, porque o consumidor continua pagamento o mesmo valor pelo litro”, afirma o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite do Estado de Pernambuco (Sinproleite), Saulo Malta.

A portaria do Mapa começou a vigorar em outubro de 2013 como numa alternativa para que as indústrias não sofressem com a falta de produto para processar na bacia leiteira dos estados atingidos pela seca. A medida poderia valer por um limite de três anos, podendo ser revogada. Pala regra, os laticínios poderiam reidratar leite em pó equivalente a 35% da sua capacidade de processamento. Com o início das chuvas e a retomada da produção, os produtores começaram a se sentir prejudicados pela concorrência do leite em pó. “Com um quilo de leite em pó, a indústria consegue fazer dez litros de leite fluido. Sai mais barato pra eles, mas o consumidor pode estar recebendo um produto de menor qualidade”, observa Malta.

Depois de uma solicitação dos deputados Eduardo da Fonte e Claudiano Martins, o Ministro da Agricultura, Neri Geller, decidiu revogar a portaria, no dia 2 de julho. A revogação previa que as indústrias teriam um mês para utilizar o leite em pó em estoque e depois disso não poderiam mais fazer uso dessa matéria-prima.

O presidente do Sinproleite também reclama da falta de regularidade do programa do milho comercializado a preços subsidiados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “O problema é que esse milho nunca chegou em quantidade suficiente e com regularidade. E o resultado disso é que o produtor sofre com as altas nos custos e com a queda no preço pago pelos laticínios”, arremata Malta. O preço da saca de milho subsidiada pela Conab é de R$ 23, enquanto no mercado custa entre R$ 48 e R$ 50.

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