A redução do preço da bandeira tarifária poderá representar uma redução muito pequena na conta de luz do consumidor residencial pernambucano, segundo cálculos feitos por especialistas do setor. Se houver um corte de 20% no preço, a queda será de 2,4% no total cobrado mensalmente. Se a diminuição for de 15%, os consumidores terão uma diminuição de 1,8% na tarifa.
“É uma diminuição insignificante. Não vai fazer diferença na conta. Subiu muito este ano. Na hora de baixar, quase ninguém vai perceber”, lamenta a desempregada Maria Quitéria Bezerra de Santana, que está desempregada e ficou com uma conta mensal de cerca de R$ 100 depois dos aumentos que ocorreram em 2015. Em dezembro do ano passado, a conta dela não chegava aos R$ 90. Em 2015, a conta de energia subiu, em média, mais de 30% para os pernambucanos. Em janeiro, a conta ficou mais salgada com a cobrança da bandeira tarifária. Em março, ocorreu um aumento do preço da bandeira tarifária e passou a ser cobrado um Reajuste Tarifário Extraordinário (RTE) para compensar o custo de operação das térmicas e, por último, a partir do dia 29 de abril entrou em vigor um reajuste médio de 11,19% para o consumidor residencial. Em alguns Estados, a média do reajuste da energia alcançou 40%.
Anteontem, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, sinalizou que haveria uma redução do custo da bandeira tarifária vermelha entre 15% e 20% a partir de setembro. Atualmente, a bandeira vermelha representa uma cobrança adicional de R$ 5,50 na conta para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos sem incluir os impostos e encargos.
As bandeiras funcionam como um gatilho e são mais altas quando o custo da geração de energia está mais elevado, o que vem ocorrendo desde 2012. Isso ocorreu porque mais térmicas passaram a produzir energia devido à estiagem que baixou a quantidade de água nos reservatórios das principais hidrelétricas do País. A bandeira que significa o custo mais alto é vermelha, depois vem a amarela com um adicional de R$ 2,50 para cada 100 kWh e a verde que não traz impacto na conta.
O setor industrial também não está satisfeito com o atual custo da energia. “Essa onda de preços altos vai contaminar a competitividade da indústria por algum tempo. A energia hoje está menos cara do que se eu quisesse contratar há dois anos, mas isso não significa que temos como substituir todos os contratos neste momento”, diz o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, acrescentando que algumas empresas vão carregar por anos esse aumento de custos. A associação representa as grandes indústrias que compram no mercado livre, um mecanismo no qual os empresários podem escolher a quem comprar energia.
A assessoria de imprensa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informa que ainda não há definição do novo valor da bandeira tarifária. Hoje, será realizada uma reunião da diretoria que deve aprovar a abertura de uma audiência pública para analisar o novo preço da bandeira.