Neste verão, o consumidor de Pernambuco vai se deparar com novos rótulos de cerveja gourmet em bares, empórios e restaurantes. Os lançamentos vão sair do processamento artesanal da pequena indústria Cervejaria Recife, em fase de implantação no bairro da Guabiraba (Zona Norte). A empresa conseguiu financiamento de R$ 785 mil do Banco do Nordeste para a aquisição de máquinas, equipamentos e capital de giro. O negócio exemplifica o movimento da instituição financeira nos últimos anos de aumento de crédito para micro e pequenas empresas (MPEs). De janeiro a agosto deste ano, os financiamentos para as MPEs cresceram 33%, passado de R$ 102, 9 milhões para R$ 136,9 milhões.
Na avaliação da gerente-geral da agência Domingos Ferreira do BNB, Renata Moura Albert, o aumento da procura de micro e pequenos empresários por financiamento está relacionado a necessidade de empreender em tempos de crise. “O banco dispõe de linhas com condições de pagamento carência e taxa de juros atrativas ao investidor. No caso das MPEs estamos falando de empresas com faturamento bruto anual de até R$ 3,6 milhões. Para esse porte, a taxa de juros é de 8,24% ao ano, a carência chega a até 4 anos e o prazo de pagamento é de 8 anos”, detalha.
Para investidores adimplentes, o banco ainda oferece um bônus, que permite com que a taxa de juros caia para 7% ao ano. O limite máximo de financiamento é de R$ 3,4 milhões.
Ao longo dos últimos anos, os setores de comércio e serviços sempre dominaram a procura por empréstimo, mas tem crescido o financiamento a pequenas indústrias, a exemplo da Cervejaria Recife. Hoje, as MPEs respondem por 30% dos financiamentos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) .
A Cervejaria Recife tem capacidade para produzir 20 mil litros de cerveja e chope por mês. O produto, com marca em fase final de desenvolvimento, será comercializado no mercado pernambucano. O empreendimento é tocado pelo jovem empreendedor Diogo Chiaradia, de 31 anos. Com formação em engenharia de pesca e contabilidade, ele se diz um apaixonado por cerveja. Em 2007 viveu no Canadá e entrou em contato com o universo das cervejas artesanais. Como hobby, começou a produzir cerveja em casa.
“O mercado no Brasil está em plena expansão, crescendo numa velocidade de 10% ao ano. Apesar do avanço, o segmento ainda representa um nicho, com participação de apenas 0,9% no mercado cervejeiro. Nos Estados Unidos, a participação das artesanais chega a 15%. Acredito que na próxima década o Brasil poderá atingir patamar semelhante”, sugere Diogo.
O diferencial da cerveja e do chope será uma combinação de matéria-prima de alta qualidade, boas receitas e mestre cervejeiro experiente. A empresa tem parceria com o distribuidor exclusivo das maiores maltearias do mundo no fornecimento da matéria-prima, que está sediado no Paraná e importa dos principais berços mundiais da bebida, a exemplo da Alemanha, Bélgica e República Tcheca. O interesse pela produção artesanal fez com que Diogo fizesse cursos de Tecnologia Cervejeira na escola do Senai em Vassouras (RJ) e visitasse 20 microcervejarias para conhecer o processo. Diogo protagoniza a história de um hobby que virou empreendimento.