Hidrelétrica de Sobradinho vai parar por escassez de água

É a primeira vez que isso ocorre em 36 anos desde que o empreendimento foi inaugurado em 1979
Da editoria de economia
Publicado em 26/11/2015 às 8:00
É a primeira vez que isso ocorre em 36 anos desde que o empreendimento foi inaugurado em 1979 Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem


A Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, será paralisada no final deste mês pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), quando o reservatório de mesmo nome chegar a zero do seu volume útil. Desde que foi inaugurada em novembro de 1979, é a primeira vez que a geração de energia deixa de ser realizada para poupar a água do lago, usada também para o abastecimento humano e pelo polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco. Ontem, uma reunião, em Brasília, que contou com representantes de vários órgãos do governo federal, decidiu reduzir a vazão de Sobradinho para 800 metros cúbicos por segundo a partir do dia 20 de dezembro. Atualmente, são liberados 900 metros cúbicos por segundo. 

“É a mais grave crise hídrica dos últimos 84 anos. Deixarão de ser produzidos 180 megawatts (MW) médios que é a atual produção de Sobradinho. Isso é pouco diante da nossa geração média na cascata (do Rio São Francisco) que é de 2,8 mil MW médios”, resume o diretor de Operações da Chesf, José Ailton Lima, acrescentando que não há risco de racionamento de energia. Ele explica que as demais hidrelétricas que a Chesf tem na cascata continuarão produzindo. A estatal também fabrica, em média, 1 mil MW médios a partir dos ventos. 

Segundo José Ailton, há somente o risco da energia ficar mais cara, caso precisem ser acionadas mais térmicas para suprir a energia que deixou de ser gerada. “As térmicas foram projetadas para as emergências. No entanto, é difícil dizer o quanto de energia térmica será produzida, porque isso depende dos ventos”, conta José Ailton. A energia eólica já chegou a produzir 46% de toda a energia consumida no Nordeste em outubro último. 

A Chesf vem gerando menos energia em Sobradinho desde 2012 para poupar água. A vazão ambientalmente correta do reservatório é de 1,3 mil metros cúbicos por segundo. 

O volume morto de Sobradinho representa 6 bilhões de metros cúbicos de água. Ao chegar nesse nível não é possível gerar energia. “No entanto, isso seria suficiente para abastecer (o polo de fruticultura e o uso humano) por três meses”, diz o superintendente de Operações da Chesf, João Henrique Franklin. O período úmido da região que “alimenta” o São Francisco vai do final de novembro a maio. “Não há registro de falta de chuvas durante essa época. O que ocorreu, nos últimos três anos, foi uma precipitação pluviométrica abaixo da média”, conclui.

Maior reservatório do Nordeste, Sobradinho estava com 1,65% do seu volume útil na quarta-feira, dia 25 de novembro. Em 2001, quando houve o racionamento de energia, o lago ficou com 5% do seu volume útil. Um dia antes (no dia 24/11), o Nordeste registrou um consumo médio de 10.741 MW médios, sendo 2.880 MW médios produzidos pelas hidrelétricas da Chesf; 3.739 MW de térmicas, 1479 MW produzidos por eólicas e 2643 MW que vieram de outras regiões.

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