O mercado cambial no Brasil nunca teve tão imprevisível. Sob as expectativas dos desdobramentos da Lava Jato, o dólar caiu para R$ 3,76 na última sexta-feira, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi depor coercitivamente na Polícia Federal. Foi a menor cotação desde dezembro do ano passado. Na segunda-feira (7), o dólar continuou em baixa, mas apresentou leve recuperação, fechando a R$ 3,79. Diante de tanta incerteza, se você pensa em viajar para o exterior, a dica é uma só: seja dólar ou euro, compre aos poucos.
Isso porque o que vai acontecer daqui para frente, com o desenrolar dos próximos capítulos da política e da economia, ninguém é capaz de prever. O JC telefonou ontem para seis casas de câmbio no Recife. O dólar na modalidade turismo era comercializado de R$ 3,86 até R$ 3, 95 (à vista) e a partir de R$ 4,15 até R$ 4,23 no cartão pré-pago.
É importante lembrar que valor do dólar anunciado pelo mercado financeiro não é o mesmo encontrado nas casas de câmbio para viajantes ou até mesmo investidores que estocam a moeda em casa.
Em casas de câmbio, é vendida a modalidade turismo da moeda, utilizada para compra de passagens aéreas, gastos em estabelecimentos internacionais e conversão de débitos efetuados em moeda estrangeira no cartão de crédito. Por outro lado, o dólar comercial é usado nas importações e exportações das empresas brasileiras. Também é a cotação considerada nas ações do governo no exterior. O preço mais elevado da moeda para turismo se justifica pelos gastos que as casas de câmbio têm para adquirir e armazenar adequadamente o dinheiro em espécie.
De acordo com o diretor comercial da Europa Câmbio Edísio Pereira Neto, daqui para frente, é impossível prever o comportamento da moeda estrangeira nos próximos dias. “Tudo depende do desenrolar dos episódios políticos”.
O professor do departamento de economia da Faculdade dos Guararapes (FG) Roberto Ferreira concorda com a imprevisibilidade, e acrescenta que os viajantes devem adquirir dinheiro estrangeiro aos poucos para não comprometer o orçamento. “O viajante não pode ser nem otimista demais, nem tão pessimista. Se ainda há tempo para a viagem, é melhor adquirir a moeda aos poucos. Se o preço cair mais, ele não vai ter perda total. Se subir, economizou pelo menos em parte.”
Ainda de acordo com ele, não vale recorrer a empréstimos nem entrar no cheque especial para comprar moeda só porque o valor está um pouco mais baixo.