Fortes chuvas prejudicam comércio no Recife

Tanto nas ruas quanto nos shoppings, havia poucos consumidores; em alguns casos, excesso de água impossibilitou abertura de lojas
Yasmin Freitas
Publicado em 31/05/2016 às 8:06
Tanto nas ruas quanto nos shoppings, havia poucos consumidores; em alguns casos, excesso de água impossibilitou abertura de lojas Foto: Foto: Guga Matos/JC Imagem


A crise econômica não dá trégua para o comércio varejista. Em Pernambuco, o primeiro trimestre de 2016 teve queda de 11% no faturamento das vendas em relação aos últimos três meses do ano passado de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quando comparado ao mesmo período de 2015, março de 2016 apresentou resultados 16,47% piores. Os dados são os mais atualizados do IBGE. Ontem (30), com as fortes chuvas que aconteceram em toda a Região Metropolitana do Recife (RMR) provocando alagamentos e deixando a maioria dos consumidores sem sair de casa, foi mais um dia de desafio a ser driblado por um setor já combalido. No centro da cidade, tradicionais redutos do comércio como a Rua da Palma, a Avenida Conde da Boa Vista, Rua da Concórdia e a Rua Tobias Barreto estavam vazios e de portas fechadas. 

Historicamente, junho é um mês de resultados positivos para o varejo, graças ao São João e ao Dia dos namorados. Neste ano, no entanto, por causa do quadro econômico, o setor não vai poder esperar grandes resultados, ainda mais com tanta chuva. “Além de não poder abrir as portas, o comerciante ainda corre o risco de ver a água invadindo seu negócio e acabar tendo prejuízo com produtos estragados”, explica o economista da Federação do Comércio Varejista de Pernambuco (Fecomércio-PE) Rafael Ramos.

Mal passava das 7h quando a microempresária Nalvinha Maria da Silva, chegou ao mercado Compre Fácil, que mantém na rua Antônio Valdevino Costa, bairro do Cordeiro. Em vez de um dia comum de trabalho, ela precisou enfrentar um estado de total transtorno no endereço de seu negócio. Com a rua extremamente alagada e a água quase invadindo a entrada do mercado, o saldo do dia foi um movimento fraco e portas fechadas mais cedo do que de costume. Os filhos, funcionários, também não conseguiram chegar para dar expediente. “A rua parecia um rio, com água na altura do joelho. Abri às 7h10 e acabei fechando às 14h30, porque não tinha cliente. No final, só consegui vender cerca de R$ 150 em produtos”, lamenta. Em um dia de bom movimento, a microempresária chega a tirar até R$ 1 mil.

Na opinião do presidente da Confederação de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife Eduardo Catão, a segunda-feira foi, de fato, de grande perda para o varejo da RMR. “Nem os funcionários conseguiram chegar nas lojas, que dirá os clientes, que em sua maioria, só saem de casa mesmo para trabalhar”, comenta. Ainda segundo Catão, é difícil mensurar as perdas sofridas em dias como o de ontem, mas o presidente garante que a CDL vem procurando negociar com a Prefeitura do Recife (PCR) por obras de infraestrutura que melhorem as condições de trânsito em dias chuvosos, principalmente no Centro da Cidade.

E não são apenas as lojas do comércio de rua que sofrem com a baixa do movimento. Os shoppings também notam os corredores vazios. “Parece um feriado, a cidade inteira sem ninguém, e o movimento fraquíssimo. Em dias assim, a diminuição é de pelo menos 20% do faturamento das lojas, mas não duvido que possa chegar a 50%”, defende o membro da direção da Associação Lojistas dos Shoppings de Pernambuco (AloShopping) Tomaz Lera. 

Quem sentiu a diferença de vendas em suas lojas localizadas em centros de compras foi o empresário Mário Jorge Carvalheira, a frente de sete unidades da Mc Donalds. “Ainda não parei para fazer um balanço, mas já vejo as lojas vazias. Em outro episódio de chuva semelhante, meu movimento caiu 60% nos restaurantes”, diz. 

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