Estaleiro Atlântico Sul volta a atrasar entrega de navios à Transpetro

Petroleiro Machado de Assis deveria ter sido entregue em agosto, mas continua no dique seco do EAS
Adriana Guarda
Publicado em 29/09/2016 às 11:18
Petroleiro Machado de Assis deveria ter sido entregue em agosto, mas continua no dique seco do EAS Foto: Imagem cedida


No início deste ano, o presidente do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) Harro Ricardo Burmann disse aos funcionários que em 2016 eles teriam o desafio de entregar três navios à Transpetro. Na sua fala aos colaboradores, o executivo afirmou que não poderiam dar motivo à estatal para cancelar novos contratos (sete embarcações tiveram contratos rescindidos este ano). Às vésperas de outubro, o EAS não conseguiu sequer entregar o primeiro navio previsto para 2016. Batizado de Machado de Assis, o petroleiro de número oito se encontra no dique seco passando por reparos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), Henrique Gomes, afirma que a previsão era dar saída no navio no início de agosto. “Na quarta-feira passada (21), o petroleiro foi entregue à Transpetro só por uma questão de burocracia, para evitar que o EAS seja multado por atraso. O Machado de Assis apresentou vários problemas, porque o estaleiro importou 70% de peças de baixa qualidade da China para baixar os custos”, afirma.

Em janeiro, na conversa com os colaboradores, Harro disse que metade do navio oito já estava vindo da China. Procurado pelo JC, o EAS não respondeu aos questionamentos encaminhados pela reportagem. As regras do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro exigem que 65% do valor de cada embarcação seja de produto nacional. Várias denúncias de que esse conteúdo nacional não vem sendo cumprido já foram feitas, mas a fiscalização é feita pela Transpetro, que sempre reafirma o cumprimento, mas nunca apresentou qualquer comprovação.

“Partes como praça de máquinas, motor, casaria e tubulações foram importadas da China. Também estamos preocupados com a segurança desses equipamentos, porque há uns dois meses houve um grave acidente com um trabalhador, em função da explosão que atingiu suas pernas e barriga”, alerta o presidente do Sindmetal.

As regras do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro exige que 65% do valor de cada embarcação seja de produto nacional. Várias denúncias de que esse conteúdo nacional não vem sendo cumprido já foram feitas, mas a fiscalização é feita pela Transpetro, que sempre reafirma o cumprimento, mas nunca apresentou qualquer comprovação.

TRANSPETRO

Por meio de nota, a Transpetro responde que “o suezmax Machado de Assis foi entregue pelo EAS à Transpetro no último dia 21 de setembro e teve a premissa de conteúdo local respeitada. Como ocorre com qualquer embarcação que é entregue à Transpetro, o Machado de Assis está sendo preparado para a sua viagem inaugural. Como usualmente praticado, entre a entrega à companhia e o início de operações, o navio passa pelo processo de armação (colocação no navio de insumos como combustíveis e alimentação), vistoria e registro da propriedade na Capitania dos Portos. Cabe informar que a embarcação foi entregue com o aval da sociedade classificadora atestando suas perfeitas condições para operação”.

Nos sete navios entregues pelo EAS à Transpetro até agora o procedimento não foi esse. O fato de o navio ter sido batizado e lançado ao mar não configura entrega. A entrega corresponde à viagem inaugural, que não aconteceu. E o navio não está no cais de acabamento, como de praxe. Retornou ao dique seco, o que configura a necessidade de reparo.

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