Violência impacta as vendas já fracas do Centro do Recife

Lojistas reclamam de assaltos no Bairro de São José, que já sofre com as piores vendas desde 2012
Da editoria de economia
Publicado em 21/12/2016 às 7:33
Lojistas reclamam de assaltos no Bairro de São José, que já sofre com as piores vendas desde 2012 Foto: Foto: Ricardo B. Labastier/ JC Imagem


Nem o pagamento da segunda parcela do 13º salário dos trabalhadores foi suficiente para mudar o cenário do comércio do Centro do Recife. A cinco dias do Natal, as ruas permanecem com pouco movimento e os consumidores, quase sem sacolas. Se a crise aprofundada ao longo deste ano deve ser a pior desde 2012, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), no Recife a situação é agravada pela violência. Segundo lojistas, assaltos frequentes, principalmente no fim de semana, afastam quem tem dinheiro para gastar.

Quem trabalha na área afirma que a frequência de assaltos e roubos cresceu bastante em novembro e desde então o movimento foi prejudicado. “É muito assalto, com faca, com tudo. Até eu já fui assaltado. Desse jeito quem é que vai querer vir pra cá? O consumidor se espanta e não volta, aí o movimento cai”, resume o segurança de uma loja de variedades Sérgio Nogueira. Segundo ele, o movimento caiu cerca de 30% em comparação ao ano passado.

Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), de janeiro a novembro deste ano foi registrado um aumento de 26% no número de registros de crimes violentos contra o patrimônio na área em que está inserido o bairro de São José em comparação com o mesmo período de 2015. Esse tipo de crime engloba roubos em geral e extorsão. 

A secretaria também informou que o policiamento foi reforçado com o apoio das Forças Armadas. Já a Polícia Militar, que está atuando em Operação Padrão até o dia 4 de janeiro, informou que a área teve policiamento reforçado com base nas “informações colhidas pelo serviço de Inteligência e em reuniões prévias com representantes dos lojistas”. 

A Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife) afirma que solicitou reforço no policiamento e desde então não recebeu mais queixas. “Não recebemos mais reclamações dos associados. Mas, com descuido, isso sempre vai acontecer, porque assalto acontece em todo canto”, comenta o presidente da entidade, Eduardo Catão.

Mesmo assim, os lojistas dizem estar assumindo o prejuízo agravado pela violência. “Nosso movimento maior é em novembro, quando as pessoas estão começando a decorar a casa. Mas este ano foi muito fraco. Normalmente a gente zerava tudo, este ano ficou estoque”, diz a gerente da Casa Lapa, Janaína Ferreira.

DESEMPREGO

O cenário é tão ruim que este foi o primeiro ano em que a loja não contratou funcionários temporários para o período de festas. No ano passado foram oito a mais para incrementar as vendas dos últimos meses do ano. Como um ciclo vicioso, o desemprego desaquece o comércio. “Estou dando entrada no seguro desemprego agora. Então cortamos todos os presentes, este ano só lembrancinhas”, destaca a auxiliar de contabilidade Luciene Marinho, 39 anos, que sustenta uma casa com três filhos e acabou de perder o emprego.

Na comparação com 2015, são 3,6 milhões de desempregados a mais em todo o País. Segundo a CNC, esse é um dos principais motivos para as expectativas negativas do período. A demora para a retomada da economia fez a entidade ampliar de 3,5% para 4% o percentual de queda de vendas.

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