O superintendente da Polícia Federal (PF) no Tocantins, confirmou, na manhã desta terça-feira (16), que a empresa pernambucana Masterboi é uma das envolvidas no esquema de pagamento ilegal à ex-chefe de Fiscalização do Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo a investigação da Operação Lucas, um conjunto de frigoríficos e indústrias alimentícias foram favorecidos em processos administrativos por meio do retardamento na tramitação e anulação de multas.
A PF apurou, por meio de quebras de sigilos fiscal e bancário, que a chefe de Fiscalização do Mapa, à época dos fatos, recebia de empresas fiscalizadas valores mensais para custear despesas familiares. Apenas em sua conta pessoal a investigação identificou a diferença de mais de 200% do declarado em seu imposto de renda. Também foi detectado que o esquema criminoso movimentou cerca de R$ 3 milhões, entre os anos de 2010 a 2016.
A Masterboi, junto com as empresas Minerva, Frango Norte, Laticínio Veneza, Santa Izabel Alimentos, Laticínio Fortaleza e Laticínios Palac, é suspeita de ter realizado pagamentos ilegais para a servidora e o núcleo familiar dela. Um dos filhos da chefe de fiscalização do Mapa teria a faculdade de medicina sendo paga pelo esquema, conforme a PF.
Apesar de pernambucana, a Masterboi possui unidades fabricantes em dois estados do norte do país. No Pará e também no Tocantins, onde foi deflagrada a operação.
Em Pernambuco, foram cumpridos um mandado de busca e apreensão e um mandado de condução coercitiva na casa de um empresário em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. No entanto, segundo a PF, nada foi apreendido e o empresário não estava na residência.
Em nota, a Masterboi informa que ficou surpresa com as notícias divulgadas a partir da deflagração da Operação Lucas, que está sendo desenvolvida pela Polícia Federal, e que ainda está tomando conhecimento sobre os detalhes da ação. A Masterboi reafirma que, em seus 16 anos de existência, sempre pautou suas atividades no respeito à legislação e aos seus consumidores, repudiando
qualquer tipo de ato ilícito. A empresa reafirma esse compromisso e se coloca à disposição da Justiça para esclarecer todos os fatos.
Os investigados, na medida de suas participações, poderão responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa, cujas penas podem chegar a 12 anos de reclusão.
O nome da operação faz referência à passagem Bíblica do livro de Lucas que diz: "Não peçais mais do que o que vos está ordenado" e "A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo".