Quatro hotéis fecharam no Recife nos últimos quatro anos. “É um por ano encerrando as suas atividades”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH-PE), Artur Maroja. O inusitado é que o número de leitos cresceu no Estado no mesmo período. Antes da Copa de 2014, eram cerca de 10 mil leitos, agora, o número chega a 17 mil, também de acordo com a entidade.
Os quatro hotéis que fecharam eram de empreendedores pernambucanos, de porte pequeno ou médio, com exceção do Recife Monte Hotel, que além de ser de grande porte foi o melhor da capital pernambucana, sendo o primeiro cinco estrelas da cidade. Ele encerrou suas atividades nesta quinta-feira (20) e pertence a um grupo que atuava no setor há 62 anos.
Segundo o levantamento da ABIH, nas últimas duas décadas, 22 hotéis no Recife encerraram as atividades. Está ocorrendo uma mudança no setor hoteleiro do Grande Recife. Os empreendimentos que abriram na cidade (e também nas vizinhas, como Jaboatão e Cabo) tem outro perfil: são de grande porte e bandeiras internacionais e, geralmente, têm tarifas mais baixas.
“A taxa de ocupação dos hotéis do Recife é de 50% ao ano, sendo mais baixa do que a de 2014, e as tarifas estão com o preço de 2012”, afirma Artur, se referindo a um dos motivos da crise do setor. “Também há uma superoferta de leitos principalmente com os empreendimentos novos e tipo flats que se instalaram na cidade. A crise econômica e a instabilidade política impactaram o turismo de lazer e de eventos”. E, por último, argumenta que o Centro de Convenções tem uma estrutura boa, mas precisa de uma readequação para concorrer com os de Fortaleza (no Ceará) e o de João Pessoa (na Paraíba).
“Outro fator que impactou a rede hoteleira foi o desaquecimento das atividades em Suape”, diz o vice-presidente da ABIH-PE, Eduardo Cavalcanti.
O secretário estadual de Turismo, Esportes e Lazer, Felipe Carreras, argumenta que a crise do País impactou todos os setores empresariais. “No Grande Recife, abriram mais hotéis do que fecharam e vieram as grandes bandeiras internacionais. Aumentou a competitividade”, diz Carreras, citando pelo menos sete empreendimentos que se implantaram nos últimos quatro anos. O secretário concorda que o Cecon precisa de uma reforma, mas argumenta que numa crise econômica o Estado deve ter prioridades.