A Agência Nacional de Águas (ANA) autorizou uma redução da vazão dos reservatórios de Sobradinho e de Xingó para 580 metros cúbicos por segundo a partir das oito horas da quinta-feira (31/08). É a menor vazão na história desses açudes. Até então, a saída mínima era de 600 metros cúbicos por segundo aprovada em abril último. Por enquanto, a vazão será reduzida apenas em Xingó e isso não vai contribuir para impactar a geração da energia das hidrelétricas do São Francisco, de acordo com informações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).
A autorização concedida pela ANA permite chegar a 523 metros cúbicos por segundo até 30 de novembro. Depois da autorização da ANA, a Chesf espera uma aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para começar a reduzir a vazão. A redução tem a finalidade de poupar a água principalmente do Reservatório de Sobradinho que pode acumular até quase 70% do líquido a ser usado para gerar energia no Nordeste.
Na penúltima semana de agosto, Sobradinho estava com menos de 9% do seu volume útil, aquele que fica acima do volume morto. Quando o reservatório chega nesse último não é possível gerar energia. A vazão ambientalmente mais correta de Sobradinho é de 1,3 mil metros cúbicos por segundo.
A vazão do reservatório vem diminuindo desde 2012, quando as chuvas que alimentam o São Francisco começaram a diminuir. Essa redução pode prejudicar o polo de fruticultura irrigada do São Francisco, em Petrolina-Juazeiro, além de terem que ser feitas adaptações nas captações depois de Sobradinho para o abastecimento humano. Somente em Pernambuco, são mais de 20 pontos de captação desse tipo.
A expectativa é de que Sobradinho chegue em 1º de dezembro deste ano com 0,3% do seu volume útil, se fosse mantida a vazão de 600 metros cúbicos por segundo, de acordo com previsões do Operador Nacional do Sistema (ONS). O volume morto de Sobradinho contém água suficiente para três meses .
A situação mais crítica do reservatório baiano ocorreu em dezembro de 2015, quando ficou com 1% do seu volume útil. Não há risco de falta de energia, pois há outros empreendimentos – como eólicas e térmicas – compensando a energia que não está sendo fabricada pela Chesf. A estatal só está produzindo de 20% a 25% do que poderia ser gerado para poupar a água dos reservatórios, principalmente o de Sobradinho.