Cada vez mais comum em imóveis vazios ou abandonados, a segurança patrimonial com cães é alvo de polêmica entre ativistas da causa animal. Isso porque muitos cachorros estariam submetidos a maus-tratos, deixados sozinhos como guardas de terrenos. Em 2014, o Projeto de Lei nº 169 tentou proibir a atividade, mas acabou esquecido na Câmara do Recife.
“O ideal seria a proibição. Mas, pelo menos, queremos a regulamentação, para que alguém se responsabilize em casos de infração”, defende a presidente da Federação das Associações Organizadas da Sociedade Protetora dos Animais de Pernambuco (Faos-PE), Luciane Nascimento. A discussão, segundo ela, será retomada junto aos donos de canis. “Quando os animais estão acompanhados de guardas, a situação não é tão ruim, mas, muitas vezes os cães ficam sozinhos, sem água ou comida.”
Para o cinotécnico da Guerreiros Dispostos, Flávio Costa, mais fácil do que proibir é regularizar. “Assim, se pode cobrar um serviço de qualidade e punir aqueles que descumprem as regras. Muitas empresas sérias se prejudicam porque outras não trabalham corretamente.”
A segurança com cães desacompanhados é proibida em alguns Estados brasileiros, entre eles o Rio Grande do Sul. Coordenador de fiscalização do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), Ivanildo Porto integra uma comissão responsável pelo debate nacional acerca do tema.
“Não há consenso sobre a regulamentação, porque a norma muda de Estado para Estado. Queremos melhorar a Resolução 592, que fala, entre outros aspectos, sobre o treinamento dos animais utilizados para guarda.”
As empresas procuradas pela reportagem afirmaram que o cuidado com os cachorros é diário. Na Encanto Segurança Patrimonial, as visitas são monitoradas através de bastões de ronda, que informam a localização dos funcionários. Um relatório mensal é repassado ao contratante.
A Guerreiros Dispostos usa um aplicativo de mensagens instantâneas para mandar fotos dos animais sendo alimentados a todos os envolvidos no contrato. No Canil Encanto, as visitas são realizada em horários regulares, duas vezes ao dia. Tudo é fiscalizado através de geolocalização e registrado em um sistema informatizado.