O setor de máquinas no Brasil deve fechar 2017 com faturamento de R$ 68 bilhões, crescendo 3% em relação ao ano anterior. Com uma inflação estimada em 4%, a atividade não terá crescimento real. Durante evento esta semana no Recife para comemorar os 80 anos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o presidente da entidade José Velloso comentou a dificuldade de recuperação do setor.
“Sem investimentos o setor de máquinas não cresce. Estamos em crise desde 2013 e, de lá pra cá, o faturamento já caiu pela metade. O número de empregos do setor caiu de 390 mil para atuais 300 mil. A crise no mercado doméstico obrigou as empresas a exportar, mas o dólar já não está mais tão atrativo assim. O País deveria estar investindo algo entre 21% e 24% do PIB, mas no ano passado essa participação foi de 16% e deverá ser reduzido para 15% neste exercício”, observa.
De acordo com a Abimaq, o setor agrícola contribuiu para aquecer a produção no setor de máquinas, com crescimento de 10%. Mas nos demais segmentos a produção está estagnada e com utilização de apenas 70% de sua capacidade instalada. “Essa falta de investimento também contribui para sucatear o parque fabril, que tinha máquinas com idade média de 15 anos e hoje já subiu para 19 anos”, compara Velloso.
O líder setorial também demonstra preocupação com o futuro da retomada da indústria naval no Brasil. “O Estaleiro Atlântico Sul, por exemplo, tem um futuro incerto. Se passar no Congresso Nacional a MP 795, que permite a importação de navios sem o pagamento de impostos federais para atuar cabotagem, o empreendimento correrá o risco de fechar as portas. E o mais curioso é que políticos que defenderam a implantação do Polo Naval no Estado estejam agora trabalhando contra o setor. É o caso do senador Fernando Bezerra Coelho, que está servindo ao lobby das empresas de petróleo e sendo contra os estaleiros”, critica.
Apesar da persistência da crise na indústria de máquinas, a Sondagem Industrial de setembro, realizada pela Confederação Nacional da Indústria e divulgada ontem, mostra melhora no indicador do número de empregados. Em setembro o valor foi de 49 pontos, bem próximo aos 49,1 pontos registrados em agosto. O índice varia de zero a 100 pontos e, quando está abaixo dos 50 pontos, mostra queda no emprego. Como está próximo da linha divisória, o índice indica que o fim das demissões está se consolidando.